Informações Técnicas sobre inseminação artificial em bovinos
23 Sep 2011
Entende-se por inseminação artificial a deposição mecânica do sêmen no aparelho reprodutivo da fêmea. É preciso que fique claro que o homem apenas deposita o sêmen no aparelho reprodutivo da fêmea; a fecundação, ou seja, a união do espermatozóide com o óvulo e a formação de um novo ser ocorrem naturalmente, sem a interferência do homem.
Vantagens da inseminação artificial
• Melhoramento Genético
Melhoramento do rebanho em menor tempo e a um baixo custo através da utilização de sêmen de reprodutores comprovadamente provados superiores para a produção de leite e carne.
• Controle de doenças
Pela monta natural, freqüentemente o touro pode transmitir às vacas algumas doenças e vice-versa, o que pelo processo da inseminação artificial não ocorre quando o sêmen é adquirido de empresas idôneas.
• Cruzamento entre raças
A inseminação artificial permite ao criador cruzar suas fêmeas zebuinas com touros taurinos e vice-versa, o que muitas vezes é dificultado na monta natural pela baixa resistência dos touros europeus a um ambiente desfavorável.
• Prevenção de acidentes com a vaca
Muitos acidentes podem ocorrer durante a cobertura de uma vaca por um touro muito pesado.
• Prevenção de acidentes com o funcionário
A inseminação artificial evita acidentes com o pessoal, que são comuns quando se trabalha com animais de temperamento agressivo.
• Uso de touros incapacitados para monta
Touros com problemas adquiridos e impossibilitados de efetuarem a monta, em razão de idade avançada, afecções nos cascos,fraturas, aderência de pênis, artroses, e outros impedimentos, poderão ser utilizados na inseminação artificial.
• Aumento do número de descendentes de um reprodutor
Sabe-se que um touro cobre anualmente, a campo, cerca de 30 vacas. Em regime de monta controlada pode servir a um máximo de 100 fêmeas, anualmente. Isso significa que, considerando 4 anos a vida reprodutiva de um touro, teremos um total de 120 a 400 filhos por animal, durante sua vida útil. Com a inseminação esse número é extraordinariamente aumentado, podendo um reprodutor ter mais de 100.000 filhos. Assim, fica fácil entender como a inseminação favorece o melhoramento do rebanho, pois esses touros superiores estão sendo usados em vários rebanhos, no país e mesmo no exterior com grande número de filhos nascidos.
• Controle zootécnico do rebanho
Através da IA e utilização de fichas de controle é possível a obtenção de dados precisos de fecundação e parto, facilitando a seleção dos melhores animais do rebanho.
• Padronização do rebanho
Utilizando-se poucos reprodutores em um grande número de vacas obtém-se homogeneidade dos lotes.
• Uso de touros após a morte
Com a possibilidade de congelamento e estocagem do sêmen é possível utilizar-se o sêmen de reprodutores após seu falecimento.
• Redução da dificuldade em partos
Através da utilização de touros que facilitem o parto reduz-se os problemas principalmente em novilhas.
Materiais Necessários
• Botijão com nitrogênio líquido
• Sêmen
• Luvas descartáveis
• Bainhas descartáveis
• Aplicador
• Termômetro
• Cortador de palhetas
• Pinça
• Tesoura
• Papel toalha ou higiênico
• Garrafa térmica
• Recipiente para descongelação de sêmen ou descongelador eletrônico
Detecção do Cio
Antes de se realizar a inseminação artificial propriamente dita, o inseminador deverá fazer o reconhecimento do cio da vaca. Uma correta observação do cio é fundamental para o sucesso da inseminação. Em geral recomenda-se 2 ou mais observações diárias. Uma no início da manhã e outra no final da tarde, durante no mínimo 60 minutos cada. As vacas que estiverem no cio devem ser separadas, ou ter sua identificação anotada para posterior inseminação.
O cio é o período em que a fêmea fica parada enquanto outro animal salta sobre ela. Outros sinais são percebidos durante o cio, como inquietação, cauda erguida, urina constantemente, vulva inchada e brilhante, muco cristalino e transparente, perda de apetite, entre outros. Vale ressaltar que apenas a aceitação da monta garante que a fêmea está no cio.
O cio da vaca tem uma duraçao de 10 a 18 horas e um intervalo médio de 21 dias. O pré cio dura de 4 a 10 horas. Neste peréodo a vaca apresenta todos os sintomas mencionados anteriormente, com a diferença que nao aceita a monta.
Para melhor detecção do cio, pode-se utilizar rufiões com ou sem bucal marcador. O bucal de tinta preso ao pescoço do rufião tinge o lombo das fêmeas que estiverem aceitando a monta, auxiliando na detecção do cio.
Pode-se utilizar dois tipos de rufiões: os machos e as fêmeas androgenizadas. Os rufiões machos passam por uma cirurgia para evitar a penetração e a ejaculação durante a monta. Vários tipos de cirurgias são adotadas. Consulte um veterinário para orienta-lo sobre a melhor opção na sua propriedade.
Para obtenção de vacas androgenizadas é feito um tratamento com aplicações de testosterona.
Geralmente são escolhidas novilhas mais masculinizadas e de preferência do mesmo lote das vacas. Esta vaca terá um comportamento semelhante ao do macho. A proporçao de rufiões utilizados é de, em média, um animal para cada 30 vacas.
Horário de Inseminação
O momento ideal de inseminar é no final do cio, quando a probabilidade de fecundação é maior devido a alta fertilidade da vaca.
Um método prático e com ótimos resultados é o proposto por Trimberger:
Vacas e cio pela manhã deverão ser inseminadas na tarde do mesmo dia; vacas observada em cio a tarde devem ser inseminadas no início da manhã seguinte.
Sequência da Inseminação
Antes de iniciar a inseminação, examine atentamente a ficha do animal, e verifique as últimas ocorrências. Em caso de qualquer anormalidade ou se a vaca pariu há menos de 45 dias, não realize a inseminação.
• Contenha o animal no tronco e faça o exame do muco que deve ser semelhante a clara de ovo. Se o muco apresentar qualquer alteração, a vaca não deve ser inseminada. Todas estas observações devem ser anotadas na ficha do animal e comunicadas ao técnico responsável.
• Coloque sobre uma mesa ou balcão todo o material a ser utilizado.
• Corte uma pequena abertura no saco plástico de bainhas, na extremidade que contém a bucha, exteriorize a ponta de uma bainha por vez. Não retire a bainha até o momento da inseminação.
• Retire e prepare uma luva.
• Separe um pedaço de papel para secagem posterior da palheta.
• O aplicador universal serve tanto para a palheta média quanto para a fina. Verifique se a extremidade está adequada para o tipo de palheta. Retire o êmbolo metálico colocando-o de lado.
• Faça a limpeza do reto da fêmea, e em seguida utilize o papel para limpar a vulva. É muito importante uma cuidadosa higienização da vaca.
• Identifique o sêmen do touro a ser utilizado e abra a tampa do botijão.
• Levante a caneca contendo o sêmen até no máximo 5 cm abaixo da boca do botijão. Retire a dose de sêmen com o auxílio de uma pinça. Não ultrapasse 5 segundos para este procedimento. Em caso de dificuldade para retirar o sêmen, abaixe a caneca por alguns segundos e faça uma nova tentativa.
• Em seguida mergulhe a palheta com a extremidade da bucha voltada para baixo, em água a temperatura entre 35 e 37° C por 30 segundos. É importante cumprir à risca estas recomendações.
• Com a utilização do termômetro, verifique constantemente a temperatura da água para que não ultrapasse os limites especificados acima. Pode-se também utilizar um descongelador eletrônico que mantém a temperatura da água constante.
• Atenção: O sêmen nunca deve ser recongelado.
• Depois de descongelada, enxugue a palheta com papel toalha ou higiênico e corte a extremidade oposta a da bucha. Se for palheta média faça o corte em forma de bisel e se for palheta fina corte reto para evitar o refluxo do sêmen.
• Encaixe a extremidade cortada da palheta na bucha da bainha.
• Introduza o aplicador na bainha empurrando a palheta até a ponta. Fixe a bainha no aplicador através do anel plástico. Encaixe o êmbolo metálico vagarosamente até encostar na bucha da palheta.
• Vista a luva e com o aplicador montado dirija-se até a vaca.
• Tome muito cuidado com a higiene durante estes procedimentos. Os materiais nao devem encostar nas instalações, roupas, animais e outros fômites que podem contaminar o sêmen.
• Abra a vulva da vaca e insira o aplicador na vagina, de baixo para cima.
• Introduza delicadamente a mao que está livre no reto do animal envolvendo e fixando a cervix. Oriente a introdução do aplicador até a entrada da cervix.
• Faça movimentos com a mão que está fixando a cervix até a passagem completa do aplicador pelos anéis.
• Deposite o sêmen após o último anel pressionando lentamente o êmbolo do aplicador. • Retire o aplicador e o braço e faça uma leve massagem no clitóris da vaca.
• Retire a bainha descartável, envolvendo-a com o verso da luva e jogue-as no lixo.
• Periodicamente faça uma limpeza do aplicador universal com álcool.
• Em seguida anote todos os dados da inseminação na ficha do animal (Data da inseminação, período, nome do touro, nome do inseminador, etc).
Foto em destaque: CPT
Fonte: Ruralban