23 Jul 2012

O Brasil nunca esteve tão perto, e em um intervalo de tempo tão curto, de se tornar líder mundial na produção de soja, ultrapassando lugar até então cativo dos Estados Unidos. Projeções sobre essa ascensão previam a conquista em relação à commodity para o decorrer da década e não assim de uma safra para outra. A antecipação ganhou força pela caótica situação da produção no hemisfério norte, assolada pela seca, clima que reduz as estimativas de produção de soja e de milho. Se São Pedro ajudar, o Brasil poderá colher cerca de 80 milhões de toneladas e em função do novo cenário analistas, em Mato Grosso, correm para refazer as contas e redimensionar a nova temporada do maior produtor brasileiro de soja.

Mato Grosso, líder nacional na produção de grãos e carne bovina, já ostenta posição de destaque internacional ao participar em 2011/12, com 9% do volume mundial. Com as novas projeções que deverão ser apresentadas até o início do próximo mês, o Estado quer ampliar sua participação de 33% no total nacional da commodity e, para isso, o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) está em campo para reavaliar o impacto da seca nos Estados Unidos e a consequente alta das cotações, fatores que por si só poderão levar – e são os indutores da nova projeção nacional – à expansão da área plantada no Estado, a partir da segunda quinzena de setembro, quando o Estado dá início à nova temporada nacional.

Como explicam os analistas do Imea, Mato Grosso tem estimado até o momento a produção de 23 milhões de toneladas na safra 2012/13, aumento de 7,7% em relação à 2011/12, em uma área de 7,4 milhões de hectares. Somente Mato Grosso tem à disposição um banco de terras, hectares degradados e de baixa produtividade na pecuária, de mais de 7 milhões de hectares prontos para serem convertidos à agricultura.

Como explica o gestor do Imea, Daniel Latorraca, caso o Brasil se torne "o dono da soja", o Estado com maior participação na produção nacional continuará sendo Mato Grosso. “Porém, para que o Brasil se torne o maior do mundo, será necessário produzir 10 milhões de toneladas a mais sobre o melhor desempenho histórico, que ocorreu na safra 2010/11, 75,3 milhões de toneladas, factível de ocorrer”.

Com a previsão de quebra nos Estados Unidos e a consequente redução da oferta mundial, que poderá repercutir por cerca de dois anos, o preço futuro motiva o aumento de área em Mato Grosso. “As negociações estão travadas e se mantêm superiores aos R$ 50 por saca para entrega em março de 2013. No comparativo com a safra 2011/12, no mínimo, o valor já é 25% superior”, revela Latorraca. Quase 58 desta nova safra estava comercializado de maneira antecipada até o final de junho, ante 28% no mesmo período de 2011. A velocidade é reflexo do preço, da valorização internacional da commodity.

Nesta corrida pela soja, previsões feitas pelo próprio Imea no início deste ano poderão ser abreviadas. Na projeção de 10 anos, a safra 2021/22 poderá ser marcada pela produção de 32,8 milhões de toneladas em uma área de 9,8 milhões de hectares.

ESPERA - A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) ainda não divulgou nenhuma estimativa para o novo ciclo, mas para atingir 80 milhões de toneladas, além de clima e da tecnologia, o Brasil deverá superar seu atual recorde de área plantada, 25 milhões de hectares.

Os Estados Unidos têm perspectiva de colher cerca de 83 milhões de toneladas de soja, 4,2 milhões toneladas abaixo do potencial inicial. No entanto, com a manutenção do clima adverso, principalmente sobre a maior região produtora, o Meio-Oeste, o mercado espera por novos cortes e nesta possibilidade de que o Brasil se revele como o possível novo dono da soja. 

 

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Fonte: Diário de Cuiabá



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