Balanço do mercado da pecuária de corte: retrospectiva 2011
Fantasmas do passado quiseram rondar o mercado pecuário em 2011: Embargo Russo, Aftosa (desta vez no país vizinho) e preços próximos do recorde de 2010.
Estes são os destaques do balanço geral de pecuária de corte desta segunda-feira elaborado pela Rural Centro, com as principais informações do setor.
A ideia é que o produtor encontre em apenas uma página tudo o que é importante para o desenvolvimento do seu negócio e as principais notícias dos últimos dias.
EMBARGO RUSSO
Por questões sanitárias ou por questões políticas? Seja qual foi o real motivo, os russos mais uma vez bloquearam as importações de carne proveniente de 85 frigoríficos em três Estados brasileiros (Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso).
A medida foi imposta em junho e a previsão é de que só termine em janeiro de 2012. As tabelas abaixo mostram o desempenho das negociações de carne bovina in natura com os russos: As compras começaram a cair efetivamente justamente em junho, passando de 27,2 para 18 mil toneladas em jkulho, uma redução de 34%. Em agosto, as vendas para este país acumularam 12 mil toneladas.
Neste último mês de novembro, os russos importaram quase 8 mil toneladas de carne bovina, rendendo uma receita aos frigoríficos brasileiros, de 34 milhões de dólares.
Apesar disso, os russos ainda mantém a liderança no ranking de principais destinos da carne brasileira, importando ao todo 217,7 mil toneladas, 11% a menos que no mesmo período do ano passado, de 244,7 mil toneladas.
Os iranianos permanecem firmes na segunda posição, com total de 127,4 mil toneladas e o Egito com total de 85,2 mil toneladas estão em terceiro lugar.
Atenção: O grande destaque deste ano foi o Chile, que voltou a comercializar com o Brasil com total força após o foco de aftosa no Paraguai. Entre janeiro e novembro de 2011 foram vendidas aos chilenos quase 30 mil toneladas de carne bovina in natura, o dobro que as 13,5 mil toneladas verificadas em 2010. Este resultado leva este país ao sexto lugar do ranking.
AFTOSA
Mais uma vez, a febre aftosa ocupou a mídia brasileira, mas desta vez a notícia vinha do país vizinho, o Paraguai. A “novidade” começou em 19 de agosto e além de derrubar os preços que estavam em ascensão no mercado paraguaio, voltou os olhos dos outros países novamente para a América do Sul.
O Brasil e a Argentina fecharam fronteiras com o Paraguai imediatamente e o governo paraguaio abateu as 800 cabeças da região afetada.
PREÇOS PRÓXIMOS AO RECORDE HISTÓRICO DE 2010
Este ano começou com boas expectativas de preços do boi gordo. O setor esperava que o mercado ia seguir o mesmo cenário de 2010, quando as cotações da arroba do boi gordo alcançaram marca histórica!
Isto não aconteceu, mas foi quase! O valor do boi gordo chegou, por exemplo, a 109,18/@ em meados de novembro, segundo os dados do Cepea (Centro de Estudos e Pesquisas em Economia Aplicada).
Mas com o atual desequilíbrio entre oferta e demanda do setor não tornam distante a possibilidade de 2012 iniciar com preços superiores aos atuais e até mesmo aos de 2010.
EXPORTAÇÃO
As últimas informações disponibilizadas pela Secex (Secretaria de Comércio Exterior) mostram que entre janeiro e novembro deste ano, as exportações de carne bovina in natura somam 757,1 mil toneladas líquidas, 9,6% a menos que no mesmo período do ano passado.
Dois são os possíveis motivos da redução de embarques de carne bovina ao exterior, o primeiro a redução de oferta de matéria-prima no Brasil e o segundo é a preferência dos frigoríficos em manter a carne bovina no mercado interno ante os lucros.
São Paulo continua sendo o principal estado exportador de carne bovina, com total de 280 mil toneladas. Em segundo lugar está o Estado de Mato Grosso, com total de 136,3 mil toneladas e na terceira posição com total 104,5 mil toneladas.
IBGE
A Rural Centro apresentou dois importantes relatórios que merecem destaque: Pesquisa de Abates e Rebanho Bovino. Os dois estudos mostram uma redução na disponibilidade de matéria-prima.
Os abates de bovinos apresentam, ao longo deste ano (janeiro a setembro), um resultado preocupante: volume muito inferior aos anos anteriores, sendo o segundo menor desde 2006, apenas superando o resultado do mesmo período de 2009.
O país já abateu 21,5 milhões de bovinos (boi, vaca, novilhos/as e vitelo/as), anotando queda de 2% em relação aos números de 2010 e de 2008, quando os abates somaram 22 milhões de cabeças.
Além disso, os abates deste ano estão abaixo 8% do total verificado em 2007, de 23,3 milhões de animais. Entre janeiro e setembro de 2009, o país abateu 22 milhões de unidades.
O Estado de Mato Grosso mantém a liderança nos abates de bovinos, com total de 3,1 milhões de bovinos em 2011. Mato Grosso do Sul, em segundo lugar, registrou em 2011 abates de 2,4 milhões de bovinos, 4% a menos que as 2,5 milhões de unidades abatidas em 2010. Em São Paulo, os abates somaram 2,4 milhões de animais, enquanto que o mercado goiano apresentou abates de 1,9 milhões de unidades em 2011. MS, SP e GO, anotaram em 2011 um decréscimo nos abates.
ABATES DE VACAS
Ainda segundo o IBGE, em 2011, o país abateu 7,4 milhões de vacas, volume que representa 34,5% do resultado total, sendo que esta participação está acima das verificadas tanto em 2010 como em 2009, quando os abates de fêmeas somaram 6,61 e 6,613 milhões de unidades, respectivamente.
Atenção: Esta elevação na participação de fêmeas mostra que o produtor está novamente abatendo matrizes, comprometendo a futura formação de rebanho.
ABATES DE BOIS
Entre janeiro e setembro de 2011, os abates de bois acumularam 11,2 milhões de cabeças, o segundo maior desde 2007, apenas acima das 11 milhões de unidades abatidas entre janeiro e setembro de 2009.
Os dados do IBGE são referentes às inspeções, municipais, estaduais e federais.
Rebanho bovino brasileiro
Em 2010, o rebanho nacional atingiu 209,5 milhões de cabeças de gado, com aumento pouco significativo em relação a 2009, de apenas 2%, alta longe de suprir a necessidade do mercado, diante do crescimento demográfico mundial.
Lembrando que o município com o maior efetivo de bovino no Brasil é São Felix do Xingu, no Pará, com um pouco mais de 2 milhões de cabeças, 5,8% a mais que o efetivo de 2009, de 1,912 milhão.
Mato Grosso continua sendo o Estado com o maior rebanho do país, com total de 1,93 milhão de unidades. Enquanto a região com maior efetivo continua sendo o Centro-Oeste (72 milhões de cabeças).