A importância da correção de solo ligada a calcário e gesso
(*) por Breno Araújo
O comprimento do sistema radicular é importante para a sobrevivência e produtividade da planta, mas a distribuição desse sistema é fundamental, principalmente para explorar a camada arável do solo (0-20cm). É nessa camada que se encontram grande parte dos nutrientes e elementos benéficos que a raiz vai conseguir explorar com mais facilidade.
A falta de cálcio causa severas restrições ao crescimento radicular. O excesso de alumínio torna o alongamento das raízes mais lento, engrossa as raízes e estas não se ramificam normalmente, prejudicando a absorção dos principais nutrientes para a planta (N, P, Ca e Mg). Por isso, para uma correção do solo adequada o produtor deve utilizar calcário e gesso.
A calagem é responsável pela melhoria das condições químicas nas camadas superficiais do solo, sendo importante para a disponibilidade do calcário no solo, fornecer cálcio e magnésio para as plantas e neutralizar a acidez. A gessagem provoca essa melhoria no subsolo. A gessagem aumenta o teor de cálcio e enxofre e reduz a toxicidade do Al no solo, mas não neutraliza o alumínio, apenas reduz a toxicidade por se complexar com o Al e levando este elemento para as camadas onde a raiz não tem acesso. Uma prática não substitui a outra, sendo que calcário e gesso são insumos complementares e não substitutivos.
Os corretivos de acidez mais utilizados na agricultura são rochas calcárias moídas (calcário), vindas de calcita e dolomita. Estas apresentam em grande parte da sua constituição carbonato de cálcio e magnésio. O carbonato reage com a água no solo, liberando uma hidroxila que reage com o alumínio, formando o hidróxido de alumínio que não é absorvido pelas plantas e neutraliza a acidez do solo.
O gesso pode ser empregado em solos com deficiência de cálcio e/ou com teores tóxicos de alumínio em camadas do subsolo e também em solos com deficiência de enxofre e/ou com estreita relação cálcio/magnésio nas camadas superficiais. A aplicação de gesso deve ser realizada, preferencialmente, após a correção da acidez do solo com calcário.
Como pode ser visualizado na figura 1, a utilização de corretivos pelas propriedades rurais é muito baixa, sendo que 84% dos estabelecimentos ainda não utiliza essa prática, o que pode explicar as baixas produtividades do país.
Figura 1:
Fonte: IBGE 2012
A não utilização de métodos corretivos no solo pode ser uma justificativa para as baixas produtividades encontradas no país.
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(*) Breno Araújo é engenheiro agrônomo da Equipe Rehagro