Alimentos alternativos na criação de suínos

Com o aumento do preço do milho e do farelo de soja, produtores de suínos de todo o país estão apostando em alimentos alternativos para reduzir o custo de produção. Mas os pesquisadores alertam: a substituição parcial do milho e farelo de soja nas rações é possível, desde que alguns cuidados sejam tomados. Os gastos com alimentação de suínos representam 70% a 80% dos custos médios de produção. Dentre as principais matérias-primas utilizadas para alimentação de suínos no Brasil, o milho, alimento fonte de energia, e o farelo de soja, principal fonte de proteína (aminoácidos) representam de 90% a 95% da composição das rações para esses animais.
Estudos realizados pela Embrapa mostram as alternativas de alimentação de suínos disponíveis para uso direto nas granjas são restringidas aos macro ingredientes de origem vegetal, que podem ser:
Essencialmente energéticos como a raiz de mandioca (in natura, silagem da raiz, raspa integral, farinha e farelo residual) e caldo de cana. O nível de proteína nesses ingredientes é baixo, exigindo, quando da sua inclusão na dieta, que seja aumentada a proporção das fontes protéicas, o que representa uma importante limitação. A raspa (seca) integral da raiz de mandioca em termos percentuais pode responder por até 50 % da dieta. O caldo de cana apresenta em termos comparativos uma energia metabolizável de 3202 Kcal/kg;
Energéticos idênticos ao milho como o sorgo, o milheto, grão de arroz e arroz na forma de quirera. Apresentam a possibilidade de substituição total do milho causando apenas pequenos ajustes na porcentagem dos demais ingredientes da ração. No mesmo grupo podem ser incluídas muitas sementes de gramíneas, porém, algumas delas (principalmente as tropicais) apresentam valor energético menor do que a do milho. A silagem de grão de milho úmido pode ser estrategicamente utilizada na propriedade visando a redução em até 28 dias o tempo de ocupação da lavoura e a sua inclusão nas dietas de todas as categorias de suínos pode ser realizada via substituição total do milho desde que realizados os ajustes em função do teor de umidade, da maior disponibilidade dos minerais e, proporcionalmente a um mesmo nível de umidade, maior valor de energia metabolizável;
Fornecedores de energia com nível de proteína mais elevado do que o milho (pelo menos acima de 14%) como por exemplo o farelo de arroz integral (muito sensível à rancificação), a semente de girassol e a soja integral inativada (tostada, cozida, extrusada). São os ingredientes que apresentam elevado teor de extrato etéreo e por esse motivo apresentam maior densidade energética. São recomendados para substituir entre 75 a 100 % da proteína fornecida pelo farelo de soja em dietas para matrizes em lactação. A soja devidamente processada pode ser incluída em até 20 % nas dietas nutricionalmente equilibradas a serem fornecidas para os leitões nas dietas pré-iniciais e iniciais. Para suínos em terminação o elevado teor de gordura insaturada afeta a qualidade da gordura na carcaça. A inclusão do farelo de arroz integral em rações para suínos em crescimento e terminação deve ser restringida até um máximo de 30% da dieta;
Fornecedores de proteína como o farelo de algodão, o farelo desengordurado de arroz, o farelo de girassol e as sementes de leguminosas (em especial o guandú) entre outros. São ingredientes aptos à inclusão em dietas de suínos em crescimento e terminação e fêmeas em gestação, substituindo entre 50 a 75% da proteína oriunda do farelo de soja. Como regra geral as sementes de leguminosas apresentam em níveis variados fatores não nutricionais que devem ser adequadamente inativados (exceção feita para a ervilha);
Fornecedores de proteína com baixa energia a exemplo do feno de leucena, feno da folha de mandioca que podem substituir parcialmente o farelo de soja, são ingredientes preferenciais para serem incluídos em proporção definida (no máximo 10 %) nas dietas de fêmeas em gestação porque apresentam elevado teor de fibra bruta e baixa densidade energética.
Especialistas devem ser consultados para uso correto dos alimentos alternativos na dieta do plantel, para não prejudicar a produtividade.
Giane Lima Nepomuceno, Universidade Federal de Lavras, 3rlab.