(*) por Patrícia Maia, médica veterinária - Rehagro

A identificação das bactérias causadoras da mastite possibilita que as ações sejam direcionadas de forma específica. Para tanto, é preciso que seja realizada a análise microbiológica do leite em amostras individuais ou do tanque de expansão. A coleta de amostra de leite de tanque durante 3 dias consecutivos aumenta a confiabilidade na determinação dos patógenos envolvidos na qualidade do leite de cada rebanho.

Análise microbiológica do leite
Coleta de amostra individual de leite para análise microbiológica

A identificação de elevada prevalência de bactérias contagiosas (Staphylococcus aureus e Streptococcus agalactiae), significa que a rotina de ordenha, provavelmente, não está adequada. Vacas infectadas por Staphylococcus aureus devem ser os últimos animais a serem ordenhados, realizando assim a segregação de vacas portadoras desse patógeno. O objetivo principal dessa medida é limitar a transmissão da doença. A taxa de cura desta bactéria, com tratamento antibiótico, é sempre muito baixa. Dos animais tratados, geralmente menos de 50% são curados. Assim sendo, os animais portadores devem ser segregados e posteriormente descartados.

No caso de Streptococcus agalactiae, é possível ficar livre dessa bactéria no rebanho com o uso de antibióticos em animais em lactação. Elevada taxa de cura, acima de 90%, pode ser alcançada com o uso de antibióticos, conhecido como Blitz Terapia, que consiste no tratamento durante a lactação de todos os animais positivos.

Se o exame de laboratório revelar a ocorrência de mastite ambiental, é preciso focar é na melhoria do ambiente em que os animais permanecem. É necessário percorrer as instalações, piquetes, observar se há acúmulo de barro, camas com umidade elevada e acúmulo de fezes. Com a melhoria das condições de ambiente e critérios adequados de higiene pré-ordenha e o uso do pré-dipping, reduz-se consideravelmente a ocorrência dessas bactérias.

Para a mastite causada por coliformes, uma boa opção de controle, evitando quadros graves da doença, é a vacinação do rebanho. A imunização contra mastite causada por coliformes pode reduzir a duração, severidade de sinais clínicos e a reincidência nos primeiros 100 dias de lactação e aumentar a taxa de cura espontânea, embora não previna a ocorrência de infecções. O uso desta prática deve ser avaliado pelo veterinário responsável pelo rebanho.

Na mastite causada por Streptococcus uberis, a maior prevalência observada ocorre quando os animais se deitam em piquetes muito contaminados com esterco seco. Em sistemas de freestall isso pode ocorrer quando não se preocupa com a origem da areia e com a adequada reposição da mesma. Assim, medidas como a retirada do esterco seco e o uso de areia de origem conhecida e de boa qualidade e com reposição periódica, são medidas que auxiliam no controle deste microrganismo.

Quanto mais cedo for feitoo diagnóstico de problemas relacionados à mastite no rebanho, maiores são as chances de reversão e controle da situação. Perdas decorrentes de casos clínicos são rapidamente identificadas, porém, perdas com a mastite subclínica são geralmente superiores, e passam despercebidas em muitos casos. Assim, uma investigação eficiente e rotineira da situação da mastite no rebanho é necessária e fundamental para garantir um melhor status do rebanho com relação à doença que mais prejuízo causa à atividade.

(*) Patrícia Maia é médica veterinária da Rehagro



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