Principal produtor do mundo, o Brasil é referência de canavicultura para países da América Latina e África do Sul

Variedades que se adaptam a cada tipo de solo e clima; ajuste e desenvolvimento adequado do manejo; o uso de compostagem; a aplicação de vinhaça; o plantio e a colheita mecanizada são alguns dos avanços conquistados pela cultura da cana-de-açúcar no Brasil e que se tornaram referência para vários países. Algumas regiões, como São Paulo, conseguem produtividade de 85 toneladas por hectare (T/ha) com até seis cortes da planta. No início do PROALCOOL, na década de 1970, a média era 70 t/ha em três cortes. Há quatro décadas, o máximo que se conseguia eram três cortes. Além disso, a qualidade (maior teor de sacarose) também teve um salto significativo. Há uma década, com uma tonelada de cana era possível produzir 60 litros de etanol. Hoje, essa produtividade teve um aumento de 50%. Com a mesma tonelada, é possível obter 90 litros de etanol.

Outro grande avanço é o desenvolvimento do melhoramento genético e da biotecnologia na cana-de-açúcar. Segundo Jorge Donzelli, do CTC (Centro de Tecnologia Canavieira), de Piracicaba, as variedades estão cada vez mais adaptadas ao clima e solo de cada região. “O nosso foco é buscar cada vez mais a transformação genética e ter alta produtividade e qualidade”, afirma. A meta, diz Donzelli, é conseguir variedades com o dobro da taxa de aumento da capacidade da produtividade. “Normalmente, consegue-se 1,5% ao ano de crescimento de produtividade a cada variedade lançada. Nós buscamos uma taxa entre 3% e 6%”, completa. Para ele, a cana transgênica é uma das fortes tendências para os próximos anos.

Em relação ao crescimento da produção, Donzelli avalia que isso deve ser decorrência da abertura de novas áreas – principalmente na região Centro-Oeste – e o ganho de produtividade com variedades superiores e manejo adequado. De acordo com ele, essa região conta com grande área de pastagem de baixo desfrute. “Ao plantar cana-de-açúcar, essas áreas serão recuperadas para a produção agrícola. Dessa forma, protege-se a pecuária e ainda produz-se alimento e energia”, afirma. Com o aumento da área plantada e maior desempenho das lavouras, a previsão é de, em 2020, chegar a 1 bilhão de toneladas. Hoje, a produção está entre 600 e 650 milhões de toneladas por ano em cerca de nove milhões de hectares cultivados. Isso significa que o Brasil é responsável por 35% de toda cana produzida no mundo.

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Nos últimos dez anos, houve um avanço significativo da mecanização do campo. “Com a proibição da queimada, os produtores tiveram que investir na mecanização da colheita”, diz Marcos Landell, pesquisador do IAC (Instituto Agronômico de Campinas). Os ganhos são nítidos com o investimento em tecnologia. Quando se concebeu o PROALCOOL, com um hectare plantado de cana eram produzidos quatro mil litros de álcool. Hoje são 7,1 mil litros de álcool com a mesma área. “Muitos países da América Central compram essas tecnologias empregadas em campo”, diz. A agricultura de precisão é um exemplo da busca por mais tecnologia com o desenvolvimento de equipamentos cada vez mais voltados para o plantio e a colheita da cana.

Além de máquinas e equipamentos, o Brasil também exporta tecnologia de produção agrícola e industrial. Segundo Edgar Gomes Ferreira de Beauclair, professor do Departamento de Produção Vegetal da Esalq (Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”), em Piracicaba, há um  programa institucional – coordenado pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) – para oferecer assistência técnica aos países da América Latina, Caribe e África do Sul. Beauclair diz que são contínuos os estudos para obter o melhor aproveitamento da cana-de-açúcar no Brasil. Há dez anos, a qualidade ideal era muito açúcar e pouca fibra. “No entanto, esse conceito está mudando, pois a fibra é importante para a produção de energia elétrica e o etanol de segunda geração”, afirma. A busca, portanto, é por encontrar o ponto de equilíbrio da planta ou então utilizar todas as partes da cana para obter o maior desempenho possível em termos de açúcar, álcool, combustível e geração de energia elétrica. 



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