O que a relação de substituição entre ureia e amônia nos Estados Unidos mostra sobre seus preços no primeiro semestre?

(*) por Mony Belon

Após uma série de encurtamentos no fornecimento de gás natural e a imposição de embargos a regiões produtoras, a disponibilidade de amônia se tornou apertada durante a segunda metade de 2014. Certamente, o período também é marcado pela forte demanda dos Estados Unidos para as aplicações de outono. Entre julho e outubro do ano passado, os preços da amônia chegaram a escalar 26%, atingindo US$798/tonelada CIF Tampa.

As aplicações de amônia realizadas ante ao período de cobertura do solo pela neve visam a proteção do nitrogênio aplicado durante a safra. No entanto, as fracas aplicações de nitrogenados durante o pré-plantio da temporada 2014/15 fez com que a demanda por amônia para essa finalidade também se enfraquecesse. Desse modo, o tradicional pico da demanda durante o período foi enfraquecido, sendo a restrição de oferta o principal fator de suporte aos preços.

Outro importante ponto a ser observado é que, caso seja optado por não utilizar a amônia para a cobertura do solo no inverno, essa escolha resulta em aumento da demanda para a reposição de nitrogênio durante a primavera seguinte. Isso chama a atenção para a relação de preços estabelecida entre ureia e amônia, importante determinante de qual será o insumo empregado no cultivo de grãos. Ressalta-se que o insumo de menor custo para a obtenção de nitrogênio provavelmente terá preferência para as aplicações.

Em outubro de 2014, mediante a conjuntura apresentada no início desta matéria, a amônia sofreu uma inversão em sua relação de preços com a ureia que levou o custo do nitrogênio a ser mais alto para a primeira. Com o baixo interesse dos consumidores finais por imobilizar capital sem ter certeza quanto à rentabilidade de suas lavouras, postergar a demanda por nitrogênio para a primavera se tornou uma estratégia para muitos agricultores norte-americanos.

Como podemos notar no gráfico seguinte, os preços da amônia iniciaram uma trajetória de recuo no momento “A”, quando as aquisições para aplicações de inverno sazonalmente são encerradas. A baixa demanda pelo composto pode ter sido responsável por tornar esse movimento mais acentuado.

Amônia Tampa CIF x Ureia Golfo CIF (US$)

Fonte: ICIS. Elaboração: INTL FCStone

A partir de um painel semelhante constituído para os dois nutrientes em “B”, que marca um momento em que a amônia também ficou cara em relação à ureia após baixas aplicações de nitrogenados na primavera, podemos esperar alguns comportamentos para os preços dos dois nutrientes:

(i) Os preços da amônia tendem a ser baixistas nessas ocasiões, devido à migração de demanda para a ureia. Desse modo, novas retrações para o composto não devem surpreendeer nos próximos meses.

(ii) Simultaneamente, o abastecimento de ureia para aplicações pré-plantio nos Estados Unidos deve fornecer suporte aos preços até abril.

Ao comparar o curso dos preços da ureia com os de 2012 é importante atentar para fatores exógenos, como interrupções na produção que contribuíram para disponibilidade curta durante o pico de abastecimento no hemisfério norte.

Este ano, os recentes recuos de preço já apontam para um teto mais baixo para a ureia, especialmente por conta da ampla disponibilidade. Os atuais patamares, 18,2% abaixo da média de cinco anos sinalizam para uma perspectiva de que, assim que o abastecimento para a safra 2015/16 se encerrar, haverá espaço para novas quedas.

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(*) Mony Belon é analista de fertilizantes da consultoria INTL FCStone



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