Interpretando análises bromatológicas: matéria seca
Ao receber um laudo bromatológico diversas duvidas são frequentes. O que seria matéria seca? Em que a matéria seca influencia na hora de tomar decisões sobre a dieta das minhas vacas? Quanto de matéria seca tem cada alimento? Questões pertinentes que estão na rotina de todo nutricionista na hora de formular dietas, mensurar consumo e tomar decisões.
Matéria seca (MS), é simplesmente a quantidade de nutrientes em um alimento, livre de água. Portanto quando falamos que uma silagem de milho está com 30% de MS, quer dizer que em 1Kg de silagem tem 0,3 kg de nutrientes totais. A formulação de uma dieta é sempre feita em cima da MS, pois a água contida nos alimentos é irrelevante. Se pensarmos que existem outras formas bem mais eficientes de se suprir à quantidade necessária de água do animal.
Porém tratadores e funcionários tem a necessidade de que a dieta seja expressa em matéria natural (MN), que é com água ainda contida no alimento. Estes tem por objetivo facilitar o trabalho na hora de quantificar cada ingrediente que vai ser acrescentado na dieta completa (concentrado mais volumoso).
No dia-a-dia da fazenda, percebesse diversas alterações, na produção e consumo das vacas, que conseguimos relacionar com o teor de MS, principalmente da forragem. Vacas submetidas a dietas energeticamente adensadas, podem apresentar quadro de acidose clínica e subclínica, quando a mudança da MS de forragem desfavorece o consumo de fibra. Quantificar a MS de um alimento é de extrema importância, (figura 1), pois todos os nutrientes são expressos a partir da matéria seca.
Figura 1– Exemplo de laudo de silagem de milho com 30,33% de matéria seca (MS).
Portanto se a %MS não for mensurada com frequência, os animais não vão receber os nutrientes balanceados de acordo com o técnico. Principalmente os mais úmidos, como silagem de milho, aveia e resíduo de cervejaria. Estes devem ser analisados constantemente.
A mensuração da MS pode ser feita de diversas formas. Todas incluem a aplicação de calor e troca de ar da superfície do alimento. Porém altas temperaturas podem desnaturar algumas proteínas e também perder alguns compostos não aquosos, por exemplos ácidos voláteis.
Em laboratórios um método muito utilizado é a secagem em estufas (figura 2), pois o mesmo material é moído e utilizado para outras analises. Esse método é muito eficiente, porem demanda um tempo longo (cerca de 24h), justamente pelo fato da temperatura ser regulada. Outra maneira seria a secagem em micro-ondas, mas este método requer muita atenção e pratica de quem for executá-lo. É uma maneira bem rápida (cerca de 10 a 15 minutos), somente existe a necessidade de ficar pesando e repesando a amostra. O Koster é um equipamento que submete a amostra a altas temperaturas e fluxo de ar quente. Similar ao micro-ondas, o Koster tem uma boa acurácia quando comparado a técnica de estufa.
Figura 2 – Exemplos de equipamentos utilizados para determinar matéria seca.
Todas as técnicas para a mensuração e ajuste de matéria seca, proporcionam a manutenção de constância da dieta formulada para os animais. Este tem por objetivo diminuir a diferença que corriqueiramente existe entre a dieta formulada e a dieta fornecida. Recomendasse que em fazendas que existem um alto consumo de forragem, seja medido semanalmente até diariamente a quantidade de MS.
Arthur Fernandes Isaac e Silva, graduando em Zootecnia pela Universidade Federal de Lavras - 3rlab