Índices reprodutivos de vacas leiteiras: foco na taxa de prenhez

A eficiência reprodutiva é base para a lucratividade na pecuária leiteira. Vacas no inicio de lactação produzem mais leite e apresentam melhor conversão alimentar, reduzindo, consequentemente, o custo com alimentação. Mas, afinal, como medir o quão eficientes, do ponto de vista reprodutivo, estão as vacas de um rebanho?

É comum as pessoas usarem o intervalo entre partos como parâmetro. Este indicador mede o intervalo entre 2 partos consecutivos de uma mesma vaca, sendo que o ideal é que ele esteja o mais próximo de 12 meses, ou seja, um parto por ano. Entretanto, o intervalo entre partos apresenta algumas falhas e, portanto não deve ser usado como ferramenta gerencial para monitoramento da eficiência reprodutiva. A principal falha é a demora na obtenção do número. Para que ele possa ser calculado, a vaca precisa ter parido novamente. Quando um problema é identificado por meio deste índice, significa que ele aconteceu há, no mínimo, 9 a 12 meses, ou seja, as ações corretivas deveriam ter sido aplicadas há muito tempo. Além disto, ele não inclui as vacas primíparas (vacas de primeira cria), pois elas ainda não pariram pela segunda vez, nem mesmo as vacas que não emprenham ou que foram descartadas. Pode ser muito tarde tomar alguma atitude quando a maternidade já estiver vazia.

Desta forma, a taxa de prenhez é um indicador mais eficiente como ferramenta gerencial para o monitoramento da eficiência reprodutiva. Ele é obtido em um curto espaço de tempo e inclui todo o rebanho. A partir de desvios encontrados na análise deste indicador, ações corretivas podem ser implantadas com agilidade para evitar o pior: a falta de partos.

A taxa de prenhez é o percentual de vacas que ficam prenhes em relação ao número de vacas aptas, medido a cada período de 21 dias. Vacas aptas são aquelas que ainda não estão prenhes, mas que já passaram pelo período de espera voluntário (PEV), que é o tempo para a “recuperação” do sistema reprodutivo após o parto, geralmente entre 35 a 60 dias.

Para alcançar uma boa taxa de prenhez é preciso que se tenha, por exemplo, 24% de vacas aptas ficando prenhes em um período de 21 dias. Para isso, é necessário que haja um bom número de fêmeas em cio, que elas sejam inseminadas e que a maioria fique prenhe. Assim, dois outros índices compõem a taxa de prenhez: a taxa de serviço ou taxa de inseminação, que mede a porcentagem de vacas que são inseminadas em relação ao número de vacas aptas em um período de 21 dias, e a taxa de concepção, que é a porcentagem de vacas que ficam prenhes em relação ao total de vacas inseminadas. Então, a taxa de prenhez é igual à taxa de serviço multiplicada pela taxa de concepção.

A taxa de serviço é influenciada basicamente pela observação de cio e pelo percentual de vacas em anestro (aquelas que não estão dando cio). Já a taxa de concepção é influenciada pela fertilidade da vaca, qualidade do sêmen, processo de inseminação, dentre outros fatores.

Um erro muito comum é confundir a taxa de prenhez com o percentual de vacas que deram positivas no toque. É muito comum ouvir que “a taxa de prenhez lá em casa é mais de 70%” e na verdade não se trata da taxa de prenhez. Outras vezes, a taxa de prenhez é confundida com a taxa de concepção, que é muito importante, porém não diz tudo, pois uma boa taxa de concepção com uma taxa de serviço baixa resulta em baixa taxa de prenhez.

Veja o exemplo:
Manejo reprodutivo na pecuária leiteira

Comparando somente a taxa de concepção, a fazenda 2 tem melhor desempenho reprodutivo. Mas, na verdade, como a fazenda 2 tem uma taxa de serviço muito baixa, a fazenda 1 consegue emprenhar suas vacas quase 5 vezes mais rápido do que a fazenda 2, mesmo tendo uma taxa de concepção mais baixa. A taxa de prenhez mede exatamente a velocidade com que as vacas estão ficando prenhes.

Ao gerenciar a eficiência reprodutiva dos rebanhos por meio da taxa de prenhez, haverá plenas condições de identificar rapidamente falhas no processo, atuando de maneira precisa e eficiente.

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por Ernane Campos, Médico Veterinário, Especialista em Pecuária Leiteira da Rehagro



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