(*) por Douglas de Castilho Gitti

A utilização do sistema plantio direto e o consórcio de culturas produtoras de grãos, forragens ou coberturas vegetais são exemplos de tecnologias que contribuem para a conservação do solo. No cultivo consorciado de milho com crotalária ou outras leguminosas, o milho possui vantagem fisiológica por ser mais eficiente na fixação do carbono e acúmulo de matéria seca em altas temperaturas.

O consórcio é versátil e pode atender ao produtor rural em suas diversas demandas. A utilização de plantas simultâneas em uma área pode objetivar tanto a produção de silagem com maior teor de proteína, utilizando o guandu, quanto para a produção de palha para a cobertura do solo. Outros benefícios também podem ser atribuídos ao sistema de produção, como a possibilidade de utilizar o consórcio entre milho e crotalária como uma das ferramentas para o controle de nematoides, intensificando áreas de cultivo com esse problema para a produção de grãos.

A produção de palha, rotação de culturas e o não revolvimento do solo são pilares que sustentam o sistema plantio direto. Opções de tecnologias que objetivem o aumento da produção de palha ao sistema são importantes, principalmente em regiões com elevada temperatura e alta pluviosidade, onde a velocidade de decomposição é alta, agravando-se ainda mais em áreas que não se realiza a rotação de culturas.

A vantagem competitiva do milho em relação a espécies leguminosas é interessante para sistemas consorciados de cultivo, reduzindo a possibilidade de queda na produtividade do milho, além do fornecimento de palha com maiores teores de nitrogênio e de fácil liberação para as culturas em sucessão.

Plantio consorciado de milho com leguminosa

A consorciação entre o milho e espécies leguminosas também apresenta limitações como o alto custo das sementes de leguminosas, a dificuldade no controle de plantas daninhas de folhas largas e a possibilidade do aumento de doenças causadas por fungos. No entanto, culturas em sucessão à crotalária apresentam maiores produtividades e podem ser beneficiadas pela maior disponibilidade de nitrogênio e outros benefícios em profundidade no perfil do solo.

A consorciação entre o milho e espécies leguminosas foi avaliada pela Embrapa, e proporcionou orientações relevantes, sendo os resultados do Sistema Santa Brígida apresentados na Circular Técnica 88 de 2010 (http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/33775/1/circ-88.pdf), concluindo que a tecnologia resulta, na prática, em uma agricultura de custo mais barato e menos poluidora do ambiente.

Ao contrário de tecnologias já consolidadas, como o consórcio de milho com braquiária, a consorciação com leguminosas carece de informação para tomada de decisão na recomendação ideal para o  produtor rural na escolha correta entre as leguminosas disponíveis, épocas de estabelecimento do consórcio e densidade de semente das leguminosas. No entanto, tecnologias que aumentam a sustentabilidade dos sistemas de produção agrícolas são bem vindas.

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(*) Douglas de Castilho Gitti é Engenheiro Agrônomo formado pela UNESP de Ilha Solteira (2009), Mestre (2010) e Doutorando em Sistemas de Produção pela mesma instituição. Atualmente, é Pesquisador da área de Fertilidade do Solo na FUNDAÇÃO MS.



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