A muda de penas é um processo natural, ocorre como consequência de um período de descanso em que a ave cessa o seu ciclo de produção,  passando por modificações fisiológicas (internas e externas): 

Existem dois tipos de mudas: Muda natural e Muda forçada.

Na muda natural a troca de penas demora cerca de quatro meses para que seja completa, sendo antes do período do inverno. Portanto, desenvolveu-se na muda forçada (figura 1) uma importante ferramenta utilizada pela indústria avícola, podendo ser realizada em oito semanas ou menos. É realizada em aves domésticas selecionadas para a produção de ovos comerciais ou de pintos onde o plantel é forçado (ou induzido) ao descanso reprodutivo num período de tempo determinado através do método escolhido pelo avicultor. Objetivando-se prolongar a vida produtiva das aves induzindo ao segundo ciclo de produção que iriam ser descartadas em beneficio da redução da produtividade, o que poderia tornar tal atividade industrial economicamente inviável. Mas, além de beneficiar economicamente o produtor, a muda evita o descarte precoce de lotes de poedeiras e a formação de novos lotes em substituição aos eliminados, indiretamente favorecendo bem estar animal. Esse processo induz as aves a várias situações de estresse: ocorre redução do fotoperíodo através da retirada da iluminação artificial, retirada de ração por curto período, e algumas vezes, retirada de água por um período de no máximo três dias. Esse método varia de acordo com pesquisadores.

 

Pesquisadores afirmam que, apesar de pesquisas demonstrarem que a prática da restrição hídrica proporcione melhorias na qualidade do albúmen no período pós-muda, esta não é indicada, principalmente, para os dias de calor. O jejum alimentar e o hídrico são estímulos utilizados para que se origine o desequilíbrio hormonal necessário para que ocorra a regressão do aparelho reprodutor. Nesse caso, a parada de postura pode ser explicada por um estresse crônico ocasionado pelo jejum. Segundo pesquisadores, a inibição da postura devido ao estresse crônico é o resultado da interferência do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal sobre o eixo hipotalámo-hipófise-gonadal. Ocorre, portanto, um decréscimo da concentração dos hormônios gonadotróficos e sexuais no plasma. Outro importante estímulo inibitório da interrupção da postura utilizado é a diminuição da oferta de horas/luz diária. A falta de estímulo luminoso influencia na produção de hormônios e, consequentemente, na produção de ovos. Durante a prática da muda forçada, recomenda-se a redução do fotoperíodo para não menos que 8h/dia ou iluminação natural em galpões abertos, iniciando um novo programa de luz com o retorno da alimentação.

De acordo com Embrapa (tabela 1), a muda forçada pode ser iniciada em qualquer idade da produção. Na maioria das vezes, é realizada no final do primeiro ciclo de postura (em torno de 70 semanas de idade), fazendo com que a ave produza por mais um ciclo de 25 a 30 semanas, atingindo no pico em torno de 85% de produção. 

Tabela 1 - Programa de muda forçada para poedeiras comerciais (fonte: Embrapa)

Para a realização da muda forçada é importante, observar se o plantel é sadio, realizar uma seleção e retirar as aves refugo, fazer a pesagem de uma amostra em torno de 10% do plantel em lotes inferiores a 1.000 aves, 5% se o lote variar de 1.000 a 5.000 aves e 1% em lotes acima de 5.000 aves e fazer homogeneização da lotação por gaiola.

O período de jejum (sem alimento) não é fixo, depende da gordura acumulada pelo lote e da capacidade da linhagem em perder peso. Portanto, deve-se retornar o alimento quando o lote perder em torno de 25 a 30% do peso em que se iniciou a muda, o peso se aproximar daquele do início da produção (20 semanas de idade), as aves atingirem no máximo 12 dias sem alimento e a mortalidade atingir 1,5% do lote.

 

Se houver necessidade de prolongar o período de descanso do lote, é possível fazê-lo mantendo o fornecimento do milho quebrado por mais tempo. Nesse caso, é necessário atrasar o retorno da luz pelo mesmo período.

 

Giane Lima Nepomucemo, graduanda em Agronomia, pela Universidade Federal de Lavras - MG

 



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