A concentração de gordura do leite varia amplamente. É comum em um mesmo rebanho teores de gordura variando de 2 a 4%.

A primeira coisa que se deve verificar em um caso de gordura do leite baixa é a confiabilidade da amostra. Muitas vezes, há erro na coleta, quando o leite do tanque não foi bem homogeneizado, ou erro na análise. É importante olhar o histórico de análises do leite da fazenda para ver se esta amostra específica é confiável. Caso esteja de acordo, o passo seguinte é identificar causas do problema e implementar estratégias de aumento deste componente no leite.

O teor de gordura no leite pode ser bastante afetado pela dieta. Quando se tem baixos teores de gordura no leite, com inversão de proteína e gordura, duas situações contribuem para isso:

1. Excesso de ácidos graxos insaturados sendo liberados no rúmen. Isso é o caso de suplementação de excesso de gordura rica em ácidos graxos poliinsaturados como os óleos de soja, girassol, milho e outros.

2. Ambiente ruminal com valores baixos de pH (ácido). Isso pode ser devido a um excesso de ingestão de carboidratos de alta degradação no rúmen, deficiência de fibra na dieta, problemas relacionados ao conforto animal (ex: estresse térmico), superlotação e manejo alimentar.

A maximização da ingestão de alimentos é muito importante. Um rúmen cheio de digesta tampona melhor os ácidos produzidos. Maiores valores de pH significam mais gordura secretada no úbere. Esse é um ponto que muita gente esquece.

Seguindo esta mesma linha de raciocínio, a acidose, distúrbio metabólico causado pelo consumo excessivo de carboidratos rapidamente fermentáveis, causa redução nos teores de gordura do leite pela queda do pH ruminal. Como a acidose muitas vezes é subclínica, esta causa pode passar despercebida.

A cetose, por outro lado, causada pela intensa mobilização de gordura corporal devido ao balanço energético negativo (diferença entre o que a vaca precisa e o que ela consegue consumir, principalmente no início da lactação), causa aumento na gordura do leite. Mas não se iluda! Esta é uma causa patológica de aumento deste componente e traz malefícios para o animal.

O conforto é primordial no bem estar, produtividade e também na composição do leite bovino, já que está diretamente ligado ao consumo. Minimizar os efeitos do estresse calórico, promover o descanso da vaca, ter água de boa qualidade e comida sempre disponível está relacionado ao maior consumo, maior número de refeições no dia e maior ruminação, fatores importantes para uma boa secreção de gordura no leite.

A quantidade de fibras longas na dieta com alto teor de concentrado é muito importante para estímulo da salivação, ruminação, movimentação do rúmen e aproveitamento adequado de outros componentes na dieta. Uma dieta com tamanho de partícula muito baixo promove baixa ruminação, baixo tamponamento do rúmen e consequentemente menos secreção de gordura no leite.

Equipamentos para ordenha: regulador de vácuo e prevenção da mastite

+ Equipamento de ordenha: saiba como e quando fazer a manutenção

Artigo traz alternativa para alimentação de gado de leite na seca

+ Leia mais artigos na Coluna Rehagro na Rural Centro

por Ana Elisa Franca, médica veterinária - Rehagro



Nosso site possui algumas políticas de privacidade. Tudo para tornar sua experiência a mais agradável possível. Para entender quais são, clique em POLÍTICA DE PRIVACIDADE. Ao clicar em Eu concordo, você aceita as nossas políticas de privacidades.