Reatividade dos animais e a forma como são manejados influenciam na qualidade da carne

Transportar os animais de um lugar a outro é um dos fatores que causam maior estresse, o que influencia diretamente na qualidade da carne e nas perdas contabilizadas pela indústria, que não alcançam mercados que remunerem melhor pelo produto.

O transporte em si é um evento desconhecido e ameaçador na vida de um animal, que envolve uma série de situações de manejo e de confinamento que são inevitavelmente cansativas e que podem levar ao estresse, lesões ou, em casos mais críticos, até a morte.

Os estresses provocados pelo transporte podem ser psicológicos (medo e novidade) ou físicos como fome, sede, cansaço, lesões, extremas temperaturas, ruídos, movimentos e reagrupamento sociais.

“Por isso, o manejo pré-transporte é fundamental para amenizar esse estresse e reduzir as perdas para pecuarista, indústria e consumidor. A forma como o animal é manejado na fazenda fará toda a diferença no transporte”, afirma o médico veterinário Renato dos Santos, responsável pela área de Manejo Racional da Beckhauser.

“Quando se fala em transporte de animais de produção, temos vários olhares - produtor, caminhoneiro, indústria, varejo, consumidor, governo, ONGs, pesquisadores e academias - para entender ou levar em consideração na busca de efetivas atitudes para melhorar”, avalia Renato, que frisa, no entanto, a responsabilidade do produtor e da equipe da fazenda quanto a um fator crítico e determinante para minimizar qualquer impacto no transporte: a reatividade do gado. "Essa é uma responsabilidade exclusiva da fazenda, nem o transportador e nem o frigorífico podem melhorar o comportamento de um lote muito reativo", avisa o veterinário. Mesmo um transporte bem programado, feito em horários de temperaturas mais amenas e com motorista treinado para seguir as recomendações de atendimento ao bem-estar animal não é capaz de minimizar os impactos negativos de um lote reativo.

Para agravar a situação no Brasil, a condição das estradas, tanto rurais quanto rodovias, é muito ruim, prejudicando ainda mais um processo que por si só já é fonte de estresse animal.

Um dos caminhos para amenizar a situação é abater os animais em plantas frigoríficas localizadas o mais próximo possível das fazendas. Especialistas em bem-estar animal apontam que 300 km seria a distância máxima a ser percorrida entre uma fazenda e o frigorífico onde os animais serão abatidos. Pensando nisso, Renato levanta uma outra questão: "Vale a pena o produtor avaliar alternativas para que a terminação seja feita mais próxima do frigorífico ou pelo menos do asfalto. Colocando na ponta do lápis é bem provável que encontre aí ganhos para a rentabilidade do seu negócio."

Bom exemplo
No Paraguai existe desde 2008 a Associação Nacional de Transportadores de Gado, que nasceu pela necessidade de transportar, formalizar, dignificar e proteger o trabalho do transportador de gado. Foram envolvidos diversos setores interessados, como Ministério de Obras Públicas e Comunicações, Policia Rodoviária, Direção Nacional de Transporte, Associação Rural do Paraguai, Serviço Nacional de Qualidade e Saúde Animal, Frigoríficos e outros.

Os cursos de capacitação são disponibilizados e obrigatórios e fornecem ao motorista não somente a carteira que o habilita a transportar animais vivos, como também conhecimentos de manejo com o gado, documentos como guias de transporte bem como seus direitos e obrigações.

Veja um vídeo que compara o manejo no frigorífico de um gado reativo e um lote acostumado ao manejo racional.

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