Você sabe quando colocar sua cadela para cruzar?
Muitos proprietários de cães ficam em dúvida sobre qual o melhor momento para colocar sua cadela para cruzar, ou, como é o caso de alguns animais, realizar a inseminação artificial. Não existe uma receita para isso, pois as cadelas variam entre si quanto a duração do seu período fértil. Porém, vamos ver nesse artigo que existem sinais e algumas técnicas que podem auxiliar a determinar qual o momento ideal para cruzar ou inseminar sua cadela.
A cadela, diferente de outras fêmeas, é monoéstrica, portanto apresenta apenas um cio durante a sua estação reprodutiva. Ou seja, se o animal não ficar prenhe em um ciclo estral, só poderá ficar prenhe no próximo ciclo, o qual irá ocorrer em média 6 meses depois. Portanto, é de grande importância que se saiba o momento exato em que o animal deve cruzar para que não se perca 6 meses esperando um novo cio.
O que é comumente chamado de cio na cadela, na verdade, compreende a 2 estágios do ciclo estral: proestro e estro. É no primeiro estágio, o proestro, que o animal apresenta a vulva edemaciada (aumentada de tamanho), corrimento vaginal sanguinolento, e, apesar da atração dos machos, ainda não aceita a monta. O proestro geralmente termina quando o sangramento vaginal cessa, mas alguns animais podem continuar sangrando mesmo após o proestro. O segundo estágio do cio, chamado estro, se inicia logo após o proestro e é o período fértil da cadela, quando ocorre a ovulação.
No estro, a fêmea começa a aceitar a cobertura do macho, porém a ovulação ocorre em média 2 dias após o início do estro. Como a cadela ovula um oocito imaturo, esse precisa de 2 a 3 dias dentro do trato reprodutivo feminino para completar sua maturação e estar apto a penetração do espermatozoide, dessa forma, o espermatozoide precisa estar viável no trato feminino até pelo menos o 5º dia do estro.
Figura1: Estágios do ciclo estral em cadela
Fonte:Compêndio de reprodução animal, INTERVET
De forma prática, como a duração média do proestro é de 7 a 9 dias, e o oocito estará apto à fecundação aproximadamente no 5º dia do estro, o animal deverá começar a ser coberto aproximadamente 12 dias após início dos sinais do cio (vulva edemaciada e corrimento sanguinolento). O ideal é que a cadela permaneça com o macho por pelo menos 5 dias ou até que a fêmea não aceite mais o outro animal.
Porém, devido a variação da duração de cada estágio do ciclo estral entre as cadelas, essa determinação apenas visual do momento ideal para realização da cruza pode não ser muito confiável. Um método altamente preciso, que deve ser realizado por um médico veterinário, é a citologia vaginal, na qual por meio de um esfregaço vaginal e observação da lâmina ao microscópio, o profissional pode determinar com maior exatidão o estágio do ciclo estral que o animal se encontra e o melhor momento para realização da inseminação ou do cruzamento. Essa metodologia é de grande utilidade, principalmente nos casos em que é necessária a realização da inseminação artificial, ou naqueles nos quais não há disponibilidade para a fêmea ficar com o macho muitos dias. Essa técnica não traz nenhum incomodo ao animal e o resultado pode ser observado na hora. Dependendo do estágio que o animal se encontra, poderá ser necessária a realização de outro esfregaço vaginal alguns dias após o primeiro, se obtendo dessa forma, uma acurácia bem elevada no exame.
A identificação apenas visual do cio da cadela, determinando o melhor período que o animal deve ser colocado para cruzar, pode ser usada, principalmente em locais onde não se tem acesso a um médico veterinário, como por exemplo em fazendas. No entanto, se o acesso a esse profissional existe, a realização da citologia vaginal é o método mais indicado para se predizer o melhor momento para cruzar a cadela, sendo que nos casos em que será realizado a inseminação artificial, a citologia se torna indispensável, não sendo indicado que a inseminação seja feita determinando-se o período fértil apenas através do exame visual do animal.
Fernando Henrique G. Furtado, Médico Veterinário pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e mestrando em Reprodução Animal.