Como criar Pirarara
26 Dec 2017
Foto: internet
A robustez e a beleza são duas características que possibilitam à pirarara ser uma criação com ótimo potencial de vendas e fonte de renda
Piscicultura é uma importante atividade econômica no Brasil, onde as condições climáticas e geográficas são favoráveis para o desenvolvimento de diferentes peixes, como a bela pirarara (Phractocephalus hemioliopterus). Avermelhada na cauda e nas bordas das nadadeiras, motivo da escolha de seu nome em referência à ave arara-vermelha, a espécie exuberante também tem força o bastante para não ceder a qualquer fisgada.
A robustez e a beleza são duas características que possibilitam à pirarara ser uma criação com ótimo potencial de vendas e fonte de renda para muitos piscicultores. Pouco apreciada na culinária, já que tem carne com sabor forte e muita gordura entremeada, o maior apelo comercial do peixe de couro está em seus dotes físicos.
O efeito colorido da pele, provocado pelo movimento aquático, resulta em um visual atraente para a pirarara preencher lagos de fazendas e hotéis campestres. A espécie também tem boa aceitação para participar de aquarismo jumbo, atividade na qual peixes grandes compõem aquários amplos instalados em locais como parques, museus e exposições.
Com peso que pode chegar a 60 quilos, distribuídos em 1,5 metro de comprimento, a pirarara ainda é procurada por estabelecimentos de pesque-pague. Forte e vigoroso, o peixe não cede com facilidade se for uma presa em pescaria. Por isso, é considerado um troféu por pescadores esportivos que têm a façanha e a disposição de capturá-lo usando vara e anzol.
Na criação em cativeiro, no entanto, apresenta-se dócil a ponto de se acostumar a comer na mão do produtor. No manejo para realizar a despesca ou a reprodução induzida – embora essa prática seja sempre indicada para profissionais experientes –, a pirarara também é fácil de lidar. Além disso, oferece boa rentabilidade para quem investe em seu crescimento e engorda.
No comércio do peixe para pesqueiros, que, em geral, compram exemplares com 5 quilos – peso que leva 18 meses para ser atingido –, o piscicultor consegue receber R$ 100 pelo quilo. No segmento de ornamentação, a venda é ainda mais lucrativa e mais rápida, pois o mesmo valor é recebido pela comercialização de pirararas com 20 a 30 centímetros. Comum no fornecimento de unidades para embelezar aquarismo e espelhos d’água, a faixa de medida é alcançada com cinco a seis meses de manejo.
Nativa da Região Norte, especialmente das bacias hidrográficas do Araguaia, Tocantins e Amazonas, a pirarara é um peixe de água doce de grande porte, hábitos noturnos e onívoro. Como come tudo que encontra no fundo dos rios quando vive na natureza, em cativeiro não se deve compartilhar espaço com peixes menores, que podem se tornar alimento para a pirarara.
porque muitos produtores de alevinos preferem engordar os peixes até esse tamanho a fim de conseguir melhor remuneração nas vendas para aquarismo e ornamentação de lagos.
>>> AMBIENTE Oriunda do norte do país, a pirarara é sensível ao frio. Contudo, suporta áreas de temperaturas baixas na Região Sudeste, desde que não seja manejada em dias de inverno mais rigoroso. Em localidades da Região Sul, onde a queda da temperatura é mais acentuada, a criação não é recomendada. Uma dica é manter a água entre 20 ºC e 28 ºC ou manter em 26 ºC, com pH no intervalo de 5 a 7.
>>> TANQUES Escavados com fundo de terra são indicados para iniciar a atividade. Após atingirem 15 centímetros de comprimento, os exemplares podem ser transferidos para tanques de alvenaria ou revestidos com geomembrana. Em sítios e chácaras onde há pouca área para a construção de viveiros, a pirarara pode ser criada em tanques elevados, utilizando o sistema de recirculação de água.
>>> CUIDADOS São necessários nas fases de larvicultura e alevinagem, períodos em que a pirarara, com menos de 12 centímetros, ainda é um peixe delicado. Como já nasce com boca grande, a prática de canibalismo é alta nessa etapa inicial da vida, exigindo fornecimento de alimento natural e limpeza do local de hora em hora, inclusive durante a noite.
>>> ALIMENTAÇÃO Natural é fundamental para os primeiros dias de vida da pirarara. Forneça especialmente zooplâncton para a criação. Com cerca de dez dias, o peixe aceita dietas úmidas à base de carne e ração comercial. Apesar de ser uma espécie que vive no fundo de rios, adapta-se facilmente a comer ração extrusada boiando na superfície da água. Mas como não perde o hábito de ingerir alimento vivo, sempre irá preferir peixes menores se houver exemplares no tanque. Peixes vivos, ou resíduos frescos de filetagem, combinados com rações comerciais, ajudam a manter a nadadeira caudal da pirarara com a coloração vermelha mais intensa.
>>> REPRODUÇÃO Deve ser executada por um profissional com experiência, pois ela deve ser induzida por meio da administração de extrato de hipófise, seguindo o mesmo protocolo indicado no processo adotado por outros peixes tropicais reofílicos – que realizam a piracema. No entanto, não é difícil obter bons resultados nos procedimentos de extrusão de óvulos e do sêmen. Via de regra, a desova de uma única fêmea é suficiente para conseguir uma grande produção de larvas.
Fonte: Revista Globo Rural