Cabras podem desenvolver sotaques, revela pesquisa

22 Feb 2012

Assim como paulistas, cariocas, baianos, amazonenses, sul rio-grandenses têm sotaques diferentes, as cabras também têm. Esta foi a conclusão de uma pesquisa realizada por cientistas da Escola de Ciências Biológicas e Químicas da Universidade de Londres Queen Mary, no Reino Unido, publicada no jornal Animal Behaviour.

Os cientistas Elodie Briefer e Allan McElligott estudaram a genética e os efeitos de uma mudança de convívio entre filhotes de cabra pigmeu, nascidos em diferentes datas. Quatro grupos foram analisados durante dois períodos sociais e ecologicamente diferentes: com uma semana de idade – época em que se escondem de predadores – e com cinco semanas de vida, quando se juntam em grupos com a mesma faixa etária.

Mesmo com poucos recursos vocais, por conta do tempo de vida, o balido – som emitido pela cabra – dos cabritos (filhotes de cabra) era similar entre seus companheiros de grupo. De acordo com a doutora Elodie Briefer, enquanto cresciam juntos, os animais desenvolviam o balido muito semelhante dentro de cada um dos quatro grupos analisados, o que sugere que eles são capazes de modificar o som que emitem.

“Não é esperado de mamíferos como a cabra tenham uma flexibilidade vocal tão grande”, disse a pesquisadora. “A vocalização na maior parte dos mamíferos – exceto algumas espécies que são capazes de imitar, como baleias e golfinhos – é inata, geneticamente determinada e sem efeitos do ambiente social”, completou.

Sua equipe começou estudando o reconhecimento vocal entre mãe e filhote de cabra, a princípio. A pesquisa abordava o efeito genético da vocalização de cabritos, a partir da comparação entre ninhadas de mesmo pai e mãe e ninhadas de mesmo pai, mas diferentes mães.

“Tivemos quatro grupos de filhotes, nascidos em diferentes períodos. Então, decidimos checar se a vocalização também mudava dentro desses grupos”, falou a cientista.

Como o estudo só envolveu filhotes, Elodie não soube precisar se o mesmo ocorre com animais adultos. “Não sabemos se isso só acontece quando são filhotes”, afirmou. “Mas se essa flexibilidade vocal permanecer nos adultos e eles mudarem seu grupo social, vivendo com novos indivíduos, então acredito que são capazes de mudar sua vocalização, como ocorre com humanos”.

Fonte: National Geographic



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