Pobreza do solo brasileiro deve ser compensada com uso de máquinas e insumos
05 Jan 2011
Se a principal preocupação do agropecuarista é a insegurança jurídica, sua ocupação é fornecer comida ao mundo. A exigência por números cada vez mais expressivos da produção bruta obriga o produtor rural a buscar recursos disponíveis no mercado que possam aumentar a produtividade de uma área sem precisar estendê-la. Uma das maneiras de alcançar esta meta dentro de um mesmo terreno é através do uso de máquinas, fertilizantes e demais insumos.
Para Celso Casale, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas (CSMIA) da ABIMAQ (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), a utilização desses equipamentos é essencial para que o agricultor trabalhe com a possibilidade de obter maior produção e maiores lucros. “A tecnologia e os insumos de produções agrícolas, hoje em dia, são fundamentais para que os produtores possam obter melhores índices de produtividade, uma vez que as margens são pequenas e eles precisam reduzir a possibilidade de erro”, afirma.
No Brasil, uma das principais dificuldades é produzir nos diversos tipos de clima e solo, tendo em vista sua extensão territorial. Mas atualmente os equipamentos já alcançam níveis de tecnologia embarcada semelhantes aos das máquinas de países desenvolvidos, possibilitando avanços no rendimento da cultura. “As máquinas e implementos agrícolas brasileiros são fortes e resistentes aos diversos tipos de solo e clima”, conta o presidente da CSMIA.
Obter meios para levar a agricultura e pecuária nacional a maiores índices de produtividade não é opção. Um dos fatores que torna o uso de insumos e fertilizantes necessário é a falta de riqueza solo nacional. É o que afirmou o consultor sênior da Petrobras para a área de fertilizantes, José Alberto Montenegro Franco. “Os fertilizantes são o principal fator capaz de aumentar a produtividade de alimentos”, explica Franco. E acrescenta: “nosso solo não é rico. Não temos um terreno fértil como na Argentina, que gasta 10% do que temos que gastar com adubos”.
Ocupando o posto de quarto maior consumidor mundial de fertilizantes (com dados do IFA e ANDA de 2009), o Brasil não consegue abastecer sua demanda interna. No ano passado, 73% do nitrogênio utilizado no país foi derivado de importação. A porcentagem do fosfato adquirido de outras nações foi de 38% e de potássio, 83%. Visando atender o mercado nacional, a Petrobrás está investindo na construção de uma fábrica de fertilizantes nitrogenados em Três Lagoas, interior do Mato Grosso do Sul. É o complexo UFN-III, que será concluído no segundo semestre de 2014 e produzirá cerca de 3600 toneladas por dia de ureia. “A menor dependência do fertilizante importado é fundamental, pois quem está mais perto da fábrica, paga menos pelo produto”, disse o consultor da estatal.
Fiel da balança
Com dados de 2007 do Cepea-USP e da CNA, a distribuição do PIB (Produto Interno Bruto) Agroindustrial daquele ano teve R$ 40,5 bilhões aplicados antes da porteira, ou seja, em fertilizantes e implementos agrícolas. Com participação de cerca de ¼ no PIB brasileiro, o agronegócio é responsável, além de alimentar o país, por equilibrar o saldo da balança comercial. Em 2009, o setor fechou com superávit de R$ 54,9 bilhões. O número é maior que a balança comercial total do Brasil, que terminou aquele ano com nível positivo de R$ 24,615 bilhões. A opinião do consultor de fertilizantes da Petrobrás é a interpretação dessas estatísticas. “O agronegócio é o que sustenta hoje a nossa balança comercial”, analisa José Franco.
Fonte: José Luiz Alves Neto / Rede Rural Centro