05 Jan 2011

Não existe medida para mensurar a educação, a troca de experiências e as informações que são passadas de computador para computador. Comunicar significa transmitir uma mensagem por meio de um canal, mediante código comum às duas partes, o emissor e o receptor. E no meio rural não é diferente.

 

Programas como o Inclusão Digital, executado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), fazem exatamente a grande população rural do Brasil ter livre acesso à internet. Entretanto, isso não quer dizer entregar somente computadores e salas. É preciso muito mais.

 

O superintendente do Senar do Mato Grosso do Sul, Clodoaldo Martins, explica que o projeto já existe desde o fim de 2009. Em todo Brasil, foram 50 salas disponibilizadas, cada uma com 10 computadores, na qual eram ministradas aulas de informática básica.

 

“Algumas pessoas nunca tinham visto um computador de perto, não sabiam o que era um mouse, um teclado. Foi como aprender a ler de novo”, comenta Martins. Além de aprender funções básicas como ligar e desligar a máquina, os produtores eram orientados a navegar pelos sites que poderiam ajudá-los no trabalho do campo, como portais do governo e de previsão do tempo.

 

Só no Mato Grosso do Sul, foram cerca de 150 grupos e mais de 1.200 produtores que hoje têm e-mail e sabem usar a internet. Mas o programa enfrentou um problema recorrente no interior do país: a falta de estrutura para dar suporte à rede. Martins conta que na cidade de Inocência, leste do MS, a internet pronta para acesso era de 300 kb de velocidade: “O presidente do Sindicato Rural da cidade teve que solicitar à operadora mais velocidade, pois estava impossível de dar aula na internet para 10 alunos com uma internet lenta daquelas”.

 

Todos os municípios do estado têm web, mas isso não é garantia de comunicação de qualidade. Segundo dados da Associação Brasileira de Telecomunicações Rurais (Abrater), existem 29 milhões de pessoas morando nas zonas rurais, mas apenas 4% têm acesso à internet. “O problema nas áreas rurais é que o preço para ter acesso à internet é extremamente elevado e as velocidades de conexão são muito baixas”, diz Rogério Calsavara, coordenador de projetos da Abrater.

 

De acordo com Calsavara, a web é a melhor forma de se comunicar e de se obter informação e a zona rural não pode sair prejudicada pela falta de estrutura. Outros sistemas de informação, como telefonia fixa e móvel, também deixam a desejar, pois falta cobertura para tais serviços. Ele fala que é extremamente necessário que os esforços do governo para melhorias no setor sejam constantes.

 

“Os moradores da área rural poderão ser atendidos de forma positiva com velocidades baixas de conexão, desde que os preços sejam igualmente baixos. É claro que o consumo de conteúdo em vídeo (YouTube, por exemplo) fica inviabilizado”, explica Calsavara. Mas mesmo com essa baixa conexão, já seria possível assegurar ao usuário um pleno acesso à imensa quantidade de informação existente na rede. Hoje em dia já existe a comunicação via satélite em todo território nacional, mas o custo ainda é muito alto.

 

Clodoaldo Martins afirma que, mesmo com as dificuldades, a tendência é que essa comunicação da zona urbana com a rural só aumente, pois há um interesse grande em crescer. “Os produtores têm sede de conhecimento, mas falta internet de qualidade para que possam aproveitar os recursos e aprender bem”.

Fonte: Mariana Bianchi / Rede Rural Centro



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