Série Produtor de Sucesso: programa de melhoramento da Genética Aditiva
01 Mar 2011
Adicionar 24,5 quilos por animal do plantel em uma seleção de 10 anos se tornou possível no Brasil graças a programas de melhoramento genético. Uma das primeiras vezes que um pecuarista nacional percebeu a necessidade de iniciar seleção de seu rebanho foi no fim da década de 50, quando o médico Hélio Coelho, recém-chegado ao Brasil dos Estados Unidos, mudou seu sistema produtivo de acordo com a filosofia de que descarte é seleção e multiplicação é coleção.
Falecido em 2008, titular do grupo Hélio Coelho & Filhos, o criador nascido no então estado do Mato Grosso deixou no seu legado a marca Genética Aditiva, que utiliza desde 1994 um dos mais conceituados programas nacionais de melhoramento animal – o ANCP (Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores) da USP (Universidade de São Paulo). “O Dr. Hélio voltou dos Estados Unidos insatisfeito com o sistema produtivo do Brasil e queria ter os mesmos índices de lá aplicados aqui”, observou Geraldo Paiva, diretor da marca.
foto: Geraldo Paiva, diretor da Genética Aditiva, no escritório da empresa em Campo Grande, MS / Crédito: José Luiz Alves Neto
foto: fachada do ANCP, programa de melhoramento genético da USP / Divulgação ANCP
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Características do ANCP
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Acompanhamento inteiramente virtual pelo ANCPnet, acessado pelo portal www.ancp.com.br.
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Ferramentas de seleção para tomada de decisão dos pecuaristas.
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Avaliação anual de 1,8 milhão de tourinhos Nelore.
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Relatórios de progresso genético.
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Segundo Geraldo Paiva, deve-se prestar atenção no descarte principalmente pelo fato de que se você erra na escolha de um reprodutor ou matriz multiplica várias gerações com DEPs negativas. “A gestão rural hoje não permite mais esse tipo de erro. Por isso, de 3 ou 4 anos pra cá, 80% do sêmen comercializado no país era de animal de pista, criado na cocheira. Hoje, os mesmos 80% vêm de touros provados”, afirma Paiva.
Inovação
Com a constante reformulação dos sistemas produtivos, é necessário criar novas condições e ferramentas para o melhoramento genético. A Genética Aditiva investiu em um exame de ultrassonografia que identifica a precocidade sexual de touros nelore. A responsável pela pesquisa é a médica veterinária Eliane Vianna, da UFMS (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul).
O processo é feito interpretando a imagem gerada no ultrassom. Durante o manejo normal do gado no tronco, a equipe responsável mede um dos testículos (não há alteração de resultado na observação dos dois lados) e tira a fotografia para análise dos pixels, como em uma fotografia comum. “Quando o animal é muito jovem, ele apresenta uma densidade de pixels muito grande, pois não há espaço para armazenamento do esperma. Depois, ele amadurece, cria o espaço, que é preenchido pela produção de sêmen. Esse intervalo forma uma curva, que caracteriza a velocidade da evolução sexual do touro”, explica a veterinária.
foto: Dra. Eliane Vianna, médica veterinária da UFMS / Crédito: José Luiz Alves Neto
Ainda de acordo com Vianna, hoje são três os pilares do melhoramento – na reprodução, recria e engorda para terminação. O foco em aprimorar o primeiro item da sequência é antecipar gerações e aumentar o giro do capital, essencial para a pecuária de corte. No Brasil, os animais nascem no período de julho a setembro, então não há necessidade de um touro reproduzir com 12 meses, já que nesse tempo estará nascendo outra geração. Somente a partir dos 14, quando começa a estação de monta, é que o touro precisa estar apto para acasalar. Mas como explica Vianna, quanto mais cedo um animal estiver pronto para reprodução, seu sêmen apresenta maior motilidade e possibilidade de estar livre de patogenias, aumentando a taxa de assertividade no período reprodutivo.
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Média de maturidade sexual
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foto ilustrativa: cria.seapa.rs.gov.br
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Touro precoce de raças europeias (holandês e brangus)
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7 meses.
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foto: REM Ricket / Divulgação Genética Aditiva
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Nelore normal
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16 a 18 meses.
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Nelore precoce
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14 meses.
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Objetivo do melhoramento a longo prazo
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Touros prontos para reprodução aos 12 meses.
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foto: Raysildo Lôbo, presidente do ANCP / Divulgação ANCP |
A tendência é que o mercado perceba cada vez mais a necessidade de utilizar a “bula” do touro reprodutor ou da matriz antes de aplicar a genética destes no seu rebanho. Para o presidente da ANCP, Raysildo Lôbo, “o próprio mercado vem corroborando com a valorização da informação genética”. Para o diretor da Genética Aditiva, Geraldo Paiva, o parâmetro de seleção apenas pela característica visual está mudando e daqui a alguns anos o julgamento de grandes exposições deverá ser baseado em uma mistura de beleza e funcionalidade do animal. “Esse ano, durante a Expogrande, nós vamos fazer um encontro de profissionais e pecuaristas para debater essa questão”, informa Paiva.
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foto destaque: REM Ricket / divulgação Genética Aditiva
Fonte: José Luiz Alves Neto/Rede Rural Centro