Produtor de sucesso: milho na integração lavoura pecuária

07 Oct 2011

O Brasil estima colher na safra 2011/2012 um total de 57,3 milhões de toneladas de milho. A produtividade alcança mais de quatro mil quilos por hectare de média. O número ainda é muito aquém do obtido pelo país que é o maior produtor do grão. Nos EUA, estima-se colher 317 milhões de toneladas do grão na safra 2011/2012 e existem propriedades prevendo a colheita de 11,3 mil quilos por hectare.

Apesar dos números distantes, o Brasil está em evoluindo no plantio do grão. A área plantada em 2011/2012 deverá ter acréscimo de 4 a 7%. Há outros fatores que animam e que podem mudar o cenário num futuro não muito distante: o plantio direto e o milho safrinha. Nos Estados Unidos não é possível trabalhar com duas safras anuais como ocorre aqui. A janela do plantio também é favorável ao Brasil. No corn belt americano, é preciso plantar dentro de um prazo de 12 dias, senão há perda de produtividade.

Alysson Paolinelli - presidente executivo da AbramilhoO presidente executivo da Abramilho, Associação Brasileira dos Produtos de Milho, Alysson Paolinelli, planta anualmente em sua propriedade em Sete Lagoas/MG cerca de 200 a 250 hectares de milho e, pelo sistema de integração lavoura pecuária, plantio direto e técnica de fixação de oxigênio no solo, aumentou em 100% sua produtividade sem necessidade de irrigação. No primeiro ano realizando o plantio de milho, conseguiu 100 sacos por hectare. Hoje, integrando a agricultura com a pecuária e fazendo o plantio de milho direto na palha seca do capim, estima colher 200 sacos por hectare.

O milho produzido em 50 hectares da área total destinada ao grão serve para fazer silagem. O restante é servido ao gado como grão. “Estou no nono ano fazendo a integração lavoura pecuária e faço também o plantio direto na palha. É um sistema que “seqüestra” carbono da atmosfera e faz com que, após a colheita da minha safra de soja, o capim venha com força. Depois da retirada do capim, o milho cresce muito bem.

O gado fica cerca de 60 dias solto em uma área de 600 hectares e o ganho de peso diário fica com média de 800 gramas, saindo para abate com 17 arrobas. “Eu ainda tenho que investir em adubos porque meu pasto é superlotado. São 1800 cabeças (3 por hectare) e eu busco não desgastar o solo. Minha plantação de milho é adensada também, de 60 a 70 mil plantas por hectare. Mas faço tudo como manda o figurino”, brinca Paolinelli.

Milho atacado por lagartas. Foto: Laudo Leon/CoopermibraSegundo o presidente executivo da Abramilho, o que possibilitou essa produtividade intensa foi a biotecnologia, “tanto da soja quanto do milho”, ressalta Alysson. “Hoje pode-se cultivar um milho que é mais forte na seca, que tenha resistência a lagartas (foto à esquerda) ou ao alumínio encontrado em solos mais ácidos”, conta Paolinelli. Segundo o produtor,  além da transgenia, um dos grandes marcos da cultura de milho são os híbridos.

Contrapeso
Se por um lado as tecnologias e técnicas de plantio de milho ganham corpo no Brasil, o presidente executivo da Abramilho lamenta as políticas públicas, pelas quais a associação luta para melhorar. Paolinelli busca colocar o produtor brasileiro em em nível de igualdade com os agricultores de outros países para que haja competição no mercado. “Além do tributo, um dos mais altos do mundo, tem a logística. Nos Estados Unidos, gasta-se de 6 a 12 dólares para embarcar uma tonelada de soja. No Brasil, o gasto médio é de 28 dólares", impressiona-se Alysson.

O pedido do presidente executivo da Abramilho é para que o produtor se engaje na luta por políticas de preços mínimos e que sejam pró-ativos para que o país não perca o investimento de organizações atuantes no setor. “As empresas que investem em tecnologia vão embora se não endireitarmos nossa produção interna”, lamenta Paolinelli. “Temos que ter constância: seja de preço do milho, seja de oferta ou política”, conclui o produtor.

Fonte: José Luiz Alves Neto / Rural Centro



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