Florada do pêssego anima produtores paranaenses

16 Aug 2012

Os pés de pêssego colorem de rosa a imensidão verde dos pomares do interior de Irati desde o dia 15 de julho. Na semana passada, foi a vez dos pesegueiros da variedade intermediária florirem. O surgimento das flores é o primeiro sinal de que o período da colheita está se aproximando. Os produtores se animam com a expectativa de colher nesse ano 71 toneladas a mais da fruta, 44,375% a mais que as 161 toneladas de pêssego produzidas em 2011, totalizando 230 toneladas agora. A estimativa é da Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento.

Na última sexta (10), visitamos a propriedade do fruticultor João Zampier, que planta pêssegos há 14 anos, depois de desistir do cultivo de milho e feijão, que já não eram tão rentáveis, segundo ele. Um imenso túnel cor-de-rosa se formava em meio aos 800 pessegueiros existentes no seu pomar, que fica na localidade de Rio Preto, zona rural de Irati, às margens da PR-364, que liga o município à cidade de Inácio Martins. As árvores estão divididas entre as variedades: precoce, que já havia florido e cujos frutos começavam a aparecer; intermediário, que estava em processo de florada; e tardios, que ainda vão florescer.

Zampier é um dos 27 produtores locais de pêssego. Ele calcula que só de seu pomar devam ser colhidas 20 toneladas nesse ano, se o clima colaborar e continuar como está. Ele comemora a expectativa de colher mais que ano passado, pois, segundo ele, a florada está muito boa, pelo fato de o inverno ter apresentado clima propício para a formação dos pêssegos. “O clima até agora está ótimo. Vamos ver mais para frente o que vai acontecer”, planeja.

No pomar de João Zampier predominam as variedades ouro e chimarrita. Além dos 800 pés de pêssego, estão ali plantadas outras 300 árvores de ameixa. As frutas são comercializadas fora da cidade também, mas ele afirma que a maior parte é vendida ali mesmo, defronte à chácara, num ponto de venda construído na entrada de sua propriedade. O produtor participa anualmente da Festa do Pêssego, que tradicionalmente ocorre em dezembro na cidade de Irati. Ele diz que 70% de sua produção é vendida ali mesmo na propriedade. Em 2011, o preço do quilo variou entre R$ 1,50 e R$ 2. Esse ano, o quilo do pêssego deve ser comercializado na faixa dos R$ 2, antecipa.

O engenheiro agrônomo da Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento, Antonio Sidnei Martins, explica que a florada do pêssego inicia já em 15 de julho e se estende até 5 ou 10 de setembro, conforme a variedade (precoce, mediana ou tardia). Segundo ele, existem diferenças nas características das frutas entre essas variedades: tamanho, produtividade, sabor, cor, durabilidade e odores – umas mais cheirosas, outras menos.

Florada-dos-pessegoQuestionado sobre quantos quilos em média produz anualmente uma árvore em condições saudáveis, o engenheiro explica que o parâmetro usado para contabilizar a produção são os quilos ou toneladas por hectare (1 ha = 10 mil m²), pois há diversos espaçamentos. Martins explica que no espaçamento 5 x 1, com duas mil árvores por hectare, a quantidade que cada planta produz é menor do que em espaçamentos maiores, como o de 6 x 4, em que uma planta chega a produzir de 40kg a 50kg cada uma, enquanto que no espaçamento de 5 x 1 a produtividade cairia para apenas 10kg por árvore. Para saber quantas árvores são plantadas por hectare, tomemos, por exemplo, o espaçamento de 6 x 4m, em que se divide o total da área a ser plantada (1 hectare, ou 10 mil m²) pela área de cada retângulo formado por quatro árvores (6 x 4 = 24): 10000m²/24m² = 417 plantas.

Conforme o agrônomo, a ameixa também já está com 10% a 15% do início da florada. “Dividimos em três etapas até a plena florada”, explica.
Segundo Martins, o início da colheita tem um prazo pré-determinado, porém variável: “em anos mais quentes, dá para colher antes; quando está mais frio, ela começa mais tarde. Acredito que nesse ano devamos começar a colheita das variedades precoces ali por 20 de outubro”, estima.

A florada indica apenas o início da produção dos frutos, porque é a partir da flor que surgirá o fruto. “Às vezes, pego novembro e, se for um ano frio, atrasa um pouco. Vamos supor que dá um período de seca, altera um pouco. Mas isso é questão de uma semana, não vai variar mais do que uma semana. E esse ano a florada está boa, porque estamos pegando um período quente, seco, e isso é importante para que não ocorram doenças que afetam a flor [do pessegueiro]“, comenta.

De acordo com ele, a variação climática observa na nossa região é crucial para a qualidade das frutas, pois ela depende do equilíbrio entre calor e frio. “Essas espécies precisam passar por determinadas horas de frio, dependendo da variedade: as precoces são 150; as medianas, 300; e as mais tardias, até 500 horas de frio para ela superar a dormência, florescer e brotar adequadamente. Se não ocorrer isso, ele floresce e tem uma brotação muito fraca”, instrui.

Martins explica que as variedades plantadas na região não são afetadas por esse tipo de problema, pois os períodos de frio aqui são suficientes. “Então nós não temos encontrado nos pessegueiros grandes dificuldades: tem uma boa florada e uma boa brotação sem ter que recorrer a tratamentos químicos. Porque em algumas espécies, algumas ameixeiras, temos que usar produtos para que ocorra uma boa florada e uma boa brotação”, compara.

O agrônomo aponta que a falta de regularidade climática pode intervir não apenas na produção como também na qualidade, tamanho e gosto dos pêssegos. “Se nós tivermos, por exemplo, durante o período de florada, muita chuva, haverá problema de doenças e no desenvolvimento da fruta, que já será mais lento. Se a temperatura estiver mais alta e o clima mais seco é muito bom”, observa.

Se a incidência de chuvas for grande ao longo do ano, ou se o período de colheita for chuvoso, a fruta será atingida, de modo que não será tão saborosa e terá menor quantidade de açúcar. “Uma condição boa para as frutas é um período seco e quente”, afirma.

A colheita do pêssego não exige aquela análise prévia da acidez, como é realizada com maçãs, e dos níveis de açúcar, como no caso dos kiwis. O que determina a hora de colher o pêssego, explica o agrônomo, é a observação do tamanho, coloração e maturação da fruta. “É uma análise visual, mas também dá para tirar uma fruta do pé para experimentar. Mas ela é mais visual e de época: chegou tal época, não tem erro, dá para colher. Claro, isso com uma variação de uma semana no máximo”, pondera.

Como incentivo à produção fruticultora, o município de Irati disponibiliza uma câmara fria com capacidade para armazenar até 20 toneladas de frutas. Para alguns produtores, são fornecidas mudas, mas a maioria recebe mesmo é assistência técnica da Secretaria de Agricultura, que orienta sobre quais os melhores viveiros para adquiri-las e, ainda, auxilia no momento de enxertar os pés de pêssego. “Esse ano também houve a entrada de vários produtores no programa chamado PAA [Programa de Aquisição de Alimentos, da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social]: eles vão entregar os frutos no Provopar, que fica responsável por fazer a distribuição”, conta.

Conforme a Secretaria de Agricultura, a produção de pêssego deve render colheita de 230 toneladas, enquanto que a de ameixa, 65. São 27 unidades produtoras de pêssego, que somam 30 hectares de área plantada, e 20 de ameixa, com 12 hectares. A produtividade média aguardada é de 7,66 toneladas para a primeira e de 5,14 toneladas para a segunda. A variedade mais plantada de pêssego é a chimarrita e a da ameixa denominada Irati.

Martins observa que esses índices de produtividade decorrem do fato de que muitos pomares ainda estão em processo de formação e não atingiram seu auge de produção, que ocorre a partir do quinto ano de implantação.

Fonte: Hoje Centro Sul Paraná



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