Agroindústrias, uma nova realidade em Rondônia
14 Feb 2012
Na coordenadoria de Agroindústrias da secretaria de Agricultura e Pecuária (Seagri), 115 projetos estão em fase final de estudos, recebendo os últimos ajustes, que ao serem liberados estarão concedendo as licenças para implantação de novas agroindústrias em diversos municípios. A meta do governador Confúcio Moura é implantar 800 agroindústrias até 2014, gerando emprego e renda no campo e nas cidades.
Segundo a gerente da Coordenadoria de Agroindústrias da Seagri, Maria de Lourdes Dantas Alves, outras 300 solicitações foram protocoladas e estão em andamento, sendo estudadas e analisadas pelos técnicos. A legislação que normatiza a implantação de uma agroindústria é complexa e burocrática, “mas com o apoio do governador Confúcio Moura e do secretário de Agricultura Anselmo de Jesus, essas barreiras estão sendo quebradas,” enfatiza Maria de Lourdes Dantas Alves.
Nova realidade - O município de Vale do Anari mostra com clareza como o aproveitamento racional das riquezas naturais pode transformar para melhor a vida de dezenas de famílias. Ali está implantada, a 17 quilômetros do perímetro urbano, a agroindústria Mapinguari que produz polpas de frutas orgânicas, com destaque para as nativas, como açaí, tucumã, cupuaçu, buritis, pupunha e patuá. É um projeto agroecológico beneficiando 15 famílias pela agroindústria familiar, conforme explica a proprietária Terezinha de Paula.
A Mapinguari produz 1.800 quilos de polpas ao mês que são comercializados nos municípios da região. Contudo, esclarece Terezinha de Paula, existe um projeto junto ao Ministério da Agricultura para obter o SIF (Serviço de Inspeção Federal), vez que há boa aceitação e interesse de empresas do centro-sul do país em distribuir as polpas ecologicamente produzidas em Rondônia.
Na medida em que os quintais agroecológicos vão sendo ampliados, surge a necessidade de novos equipamentos. Assim, um projeto junto a Seagri busca recursos para aquisição de uma nova câmara-fria e uma despolpadeira industrial, um selador e dobrador e outros equipamentos.
“A expectativa é boa”, acentua Terezinha. “Temos condições de atender a alimentação escolar, até por que, é uma das bandeiras do governador Confúcio Moura, voltada para o meio-ambiente e ecologia com ênfase para educação no campo”.
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Farinha e defumados - No município de Jaru, Geraldo Benedito Trindade, com muita dificuldade e recursos escassos montou à agroindústria “Defumados Trindade”. Com uma boa estrutura, necessitando apenas de uma câmara-fria e uma empacotadora a vácuo, ele já tem o registro municipal o SIM (Serviço de Inspeção Municipal) e trabalha para obter a licença estadual. Apelou para Seagri e o seu projeto para obtenção de recursos já está em andamento, porque no Banco da Amazônia, por falta de garantias reais, não pode obter financiamento.
Trindade é destes brasileiros que não tem preguiça nem medo de ser feliz. Vai repousar por volta de 23h e salta da cama às cinco da manhã. Com mão-de-obra familiar, destrincha por semana 100 quilos de carne suína, transformando-as em embutidos defumados de boa qualidade. Para não ter encrencas com a fiscalização, comercializa e entrega seus produtos de casa em casa, ou por encomenda para festas, mantendo uma clientela fiel.
Seguindo todos os padrões de higiene e qualidade exigidos pela legislação municipal, ele tem licença para produzir derivados de carne tais como, toscana, calabresa, linguiça defumada, lombo e costela defumada para feijoada, linguiça mista, salaminho e torresmo. O figadê para os rondonienses, que os sulistas chamam de morcilha, ou morcela, produzido com os miúdos do suíno sem conservantes, só com o tempero de Trindade, não deixa nada a desejar aos industrializados com corante do sul do País.
“Se tiver condições técnicas posso produzir 500 quilos de embutidos por semana com mercado de compra garantido na região”, comenta. Os embutidos fabricados na agroindústria de fundo de quintal, além da higiene, guardam o sabor original de produtos caseiros.
Localizada as margens da BR 364, no município de Presidente Médici, a Agroindústria Tio Fafá, administrada pelo proprietário Fábio Ednei Alves e pela esposa, se desdobra produzindo por semana 500 quilos de farinha de mandioca, fina branca, amarelada, granulada e média. Ele obteve o SIM (Serviço de Inspeção Municipal) atende a região de Ji-Paraná e Presidente Médici e ainda comercializa nas feiras livres aos finais de semana.
Enquanto controla o calor do fogo de uma engenhoca que ele mesmo construiu para secar a farinha, para depois colocar nas embalagens, Alves aguarda uma resposta sobre sua documentação entregue a Seagri. Todo o trabalho é manual e a mandioca vem de parcerias com outros produtores rurais. “Quero crescer, mas a burocracia tem um custo alto, estou contando com o incentivo do governo”, diz esperançoso.
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Leite e queijos - Uma típica agroindústria familiar para a produção de queijos está localizada distante 12 quilômetros da área central no município de Nova Brasilândia. “Aquino Agroindústria” produz 80 quilos de queijos ao dia beneficiando 700 litros do produto, sendo que 50% é da propriedade e o restante adquirido na vizinhança onde todos ganham. Estado e município recebem tributos, os produtores rurais com a venda do leite e, finalmente, os consumidores ao adquirir um produto de boa qualidade.
Vanderlei Aquino de Oliveira, a esposa e três filhos, tocam a agroindústria que também possui o SIM (Serviço de Inspeção Municipal) aguardando apenas o registro estadual para ampliar a produção e vender no Estado todo. Os queijos sem conservante industrializados pela Família Aquino, são produzidos com “coalho” bovino natural e sal.
Ele atende os municípios de Nova Brasilândia, Rolim de Moura, Alta Floresta, Presidente Médici e Ji-Paraná.
Fonte: Rondônia Dinâmica