Alvo de investigação da PF, JBS nega irregularidades
15 May 2017
Em nota enviada à imprensa, o frigorífico JBS negou irregularidades nos repasses de dinheiro do BNDES para a empresa, alvo de uma operação deflagrada pela Polícia Federal na manhã de sexta-feira (12). A companhia argumenta ainda que os investimentos ocorreram sob o crivo da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e que em momento algum recebeu favores nas transações com o banco.
"A JBS informa que sempre pautou o seu relacionamento com bancos públicos e privados de maneira profissional e transparente. Todo o investimento do BNDES na Companhia foi feito por meio da BNDESPar, seu braço de participações, obedecendo a regras de mercado e dentro de todas as formalidades", diz um trecho da nota da empresa, que ressalta ter respeitado a legislação do mercado de capitais brasileiro e que todas as operações são públicas e estão disponíveis para consulta no site da JBS e também da CVM.
O BNDES também divulgou comunicado e que está buscando informações sobre a operação. O banco ainda reiterou que dá apoio a seus funcionários e colabora com as autoridades.
Procurados pelos investigadores da Polícia Federal, o ex-presidente do BNDES, Luciano Coutinho, e Joesley Batista, um dos sócios da holding que controla a JBS, estão fora do Brasil, conforme a Polícia. O objetivo dos investigadores era cumprir mandado de condução coercitiva do empresário. Apuração do colunista Lauro Jardim, de O GLOBO, informa que Joesley está em Nova York.
A Polícia Federal (PF) deflagrou, na última sexta-feira (12) a Operação Bullish, que investiga suspeita de fraudes em financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O alvo da ação seriam contratos com a JBS, maior processadora de proteína animal do mundo.
De acordo com a corporação, os aportes de recursos começaram a ser feitos em 2007. O objetivo era comprar ações de indústrias frigoríficas, o que totalizaria um investimento total de R$ 8,1 bilhões.
“Realizadas após a contratação de empresa de consultoria ligada a um parlamentar à época, as operações de desembolso dos recursos públicos tiveram tramitação recorde. Essas transações foram executadas sem a exigência de garantias e com a dispensa indevida de prêmio contratualmente previsto, gerando um prejuízo de aproximadamente R$ 1,2 bilhão aos cofres públicos”, dia a nota da PF.
O BNDES é acionista das maiores indústrias de proteína animal do Brasil. Como parte da investigação das operações , os agentes federais cumprem 37 mandados de coerção coercitiva, 20 mandados de busca e apreensão, além de medidas de bloqueio de bens. As ações são concentradas no Rio de Janeiro e São Paulo.
“Os controladores do grupo estão proibidos, ainda em razão da decisão judicial, de promover qualquer alteração societária na empresa investigada e de se ausentar do país sem autorização judicial prévia. A Polícia Federal monitora 5 dos investigados que se encontram em viagem ao exterior”, diz o comunicado.
O nome atribuído à operação está relacionado ao jargão do mercado financeiro. Quando algum ativo é considerado “bullish”, significa que está em tendência de valorização (se o movimento é contrário, o ativo é considerado "bearish"). No caso, diz a polícia Federal, os aportes do BNDES foram “imprescindíveis” para valorizar o frigorífico investigado.
Fonte: Globo Rural