Desenvolvimento do algodoeiro

10 Sep 2021

O algodoeiro apresenta grande importância econômica para o agronegócio brasileiro.

 

De acordo com publicação da Globo Rural, estimativas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicam que o Brasil pode continuar como o segundo maior exportador mundial de pluma, com 2,18 milhões toneladas na safra 2020/21, atrás apenas dos Estados Unidos, que deve embarcar 3,27 milhões de toneladas. 

Para seguir produzindo a fibra com excelência, atendendo as demandas globais por esta commodity, conhecer as fases de desenvolvimento da planta, as principais pragas, doenças e fatores de risco de cada etapa é muito importante. 

 

O algodoeiro apresenta grande importância econômica para o agronegócio brasileiro. De acordo com publicação da Globo Rural, estimativas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicam que o Brasil pode continuar como o segundo maior exportador mundial de pluma, com 2,18 milhões toneladas na safra 2020/21, atrás apenas dos Estados Unidos, que deve embarcar 3,27 milhões de toneladas.

Para seguir produzindo a fibra com excelência, atendendo as demandas globais por esta commodity, conhecer as fases de desenvolvimento da planta, as principais pragas, doenças e fatores de risco de cada etapa é muito importante.

As fases de desenvolvimento do algodoeiro

A construção de estratégias de manejo de alta performance é facilitada quando dividimos o desenvolvimento da cultura do algodão em cinco fases: semeadura à emergência, vegetativa (V), botões florais (B), florescimento (F) e da abertura dos capulhos à colheita (C).

Cada etapa demanda cuidados específicos. Veja abaixo os fatores de maior importância de cada fase de desenvolvimento.

Da semeadura à emergência

Esta fase tem duração média de cinco a oito dias. Para que a planta inicie a safra em perfeitas condições, a temperatura do solo deve estar próxima a 20 oC, e a temperatura do ar precisa estar entre 25 e 30 oC. Além disso, a umidade adequada também é fundamental para garantir uma emergência rápida e uniforme de plantas.

Fase vegetativa (V)

Esta fase começa com a emergência das plantas e se estende até o aparecimento do primeiro botão floral. Durante este período, 70% de toda a energia produzida pela planta é utilizada para o desenvolvimento do sistema radicular. Além disso, nessa fase ocorre incremento no número de folhas e desenvolvimento de nós e entrenós.

A fase vegetativa se destaca pela sua importância para a formação de plantas vigorosas.

A duração da fase vegetativa do algodoeiro depende do ciclo da cultivar, que pode ser precoce, médio ou tardio, variando entre 35 e 45 dias.

Pragas da fase vegetativa do algodoeiro

As principais pragas desta etapa são: lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus) e broca-da-raiz (Eutinobothrus brasiliensis), que reduzem o estande e destroem as raízes das plantas. É preciso destacar que o período de ataque da broca-da-raiz se estende até o final da fase de botões florais.

Os pulgões (Aphis gossypii), tripes (Frankliniella schultzei) e moscas-brancas (Bemisia tabaci e Bemisia argentifolii) também são pragas importantes no período vegetativo, devido à transmissão de viroses e à redução de desenvolvimento inicial. O manejo dos pulgões para variedades susceptíveis às viroses do algodoeiro deve ser realizado com maior rigor no período entre cinco e 100 dias após a emergência.

Doenças da fase vegetativa do algodoeiro

A atenção com doenças nesta etapa é necessária, principalmente com o tombamento (Colletotrichum gossypii) e a mela (Rhizoctonia solani). Ambas ocasionam redução do estande, e são relevantes na pré e pós-emergência das plantas.

Fase de botões florais (B)

A fase de botão floral marca o início do período reprodutivo do algodoeiro. Esta etapa tem início com o aparecimento do primeiro botão floral visível, se encerrando com a abertura da primeira flor – quando a planta apresentará entre 15 e 16 nós.

Essa fase é de grande importância para o desenvolvimento dos nós, garantindo tempo ideal para o florescimento e produção da fibra.

Após o surgimento do primeiro botão floral – que deve aparecer entre o 5º e o 7º entrenó – ocorre o aparecimento de um botão a cada três dias.

A duração média desta etapa é de 35 a 45 dias.

Comportamento das pragas e doenças durante a fase de botões florais

O ataque de lagartas na fase de botões florais até o cut-out é crítico. O ataque da lagarta-das-maçãs (Heliothis virescens e Helicoverpa armigera) pode derrubar estruturas reprodutivas e maçãs em formação.

O bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis) também ganha destaque neste período. Este inseto é importante e merece atenção em todas as fases da cultura, porém o início do manejo preventivo da praga deve ocorrer a partir do surgimento dos botões florais. O dano do bicudo causa o abortamento dos botões florais, flores e maçãs, prejudicando a qualidade das fibras e sementes.

Nesta fase, também são necessários manejos para doenças, principalmente ramulária (Ramularia areola) e mancha-angular (Xanthomonas citri sp. malvacearum).

A adubação do algodoeiro na fase de botões florais

A primeira adubação de cobertura com nitrogênio e potássio deve ser efetuada no início da fase de botões florais. Doses elevadas de nitrogênio e potássio podem ser parceladas, para evitar perda de nutrientes. É necessário considerar a quantidade de nutriente e a textura do solo para optar pelo parcelamento do adubo.

Os reguladores de crescimento são importantes para garantir a produtividade e a qualidade da fibra, e podem ajudar a evitar o crescimento excessivo e o autossombreamento da planta.

Entrada do regulador de crescimento

A primeira aplicação de regulador de crescimento ocorre no início da fase de botões florais, e deve ser correlacionada com as condições climáticas, características das variedades, fertilidade do solo e cobertura de nitrogênio e potássio.

Fase de florescimento (F)

A fase de florescimento começa com a abertura da primeira flor e se encerra com o aparecimento das flores no ponteiro. Esta fase tem duração média de 40 a 55 dias. Ela é determinante para a fixação das maçãs.

O estresse hídrico pode afetar muito o algodoeiro nessa fase, podendo levar a queda de botões florais e maçãs, e comprometendo a produtividade.

A exigência hídrica do algodoeiro na fase de florescimento é de 8 mm a 10 mm/dia.

Pragas da fase de florescimento do algodoeiro

As lagartas das maçãs, lagarta helicoverpa (Helicoverpa zea e Helicoverpa armigera), lagarta-rosada (Pectinophora gossypiella) e spodopteras (Spodoptera cosmioidesSpodoptera eridania e Spodoptera frugiperda) provocam danos nas maçãs. A ocorrência de bicudo do algodoeiro ainda é importante nesta fase.

Nesse período, devemos monitorar a presença do ácaro-branco (Polyphagotarsonemus latus), ácaro-rajado (Tetranychus urticae), pulgão (Aphis gossypii), e principalmente do percevejo-rajado (Horciasoides nobilellus) e os percevejos migrantes da soja: percevejo-marrom (Euschistus heros), percevejo barriga-verde (Dichelops spp.) e percevejo-manchado (Dysdercus spp.).

Os percevejos podem ocasionar danos e perda de produtividade na mesma intensidade que o bicudo do algodoeiro.

Nutrição do algodoeiro na fase de florescimento

A segunda adubação de cobertura é essencial no início da fase de florescimento. Além disso, o manejo de doenças deve continuar, juntamente com o monitoramento do crescimento da planta, para determinar o uso do regulador de crescimento.

Da abertura dos capulhos à colheita (C)

A duração desta fase depende das condições climáticas e do uso de regulador de crescimento, mas se estende, em média, por 30 a 45 dias. Popularmente conhecida como cut-out”, é nesta fase que se iniciam a formação do ponteiro e a abertura dos primeiros capulhos (maçãs).

A demanda nutricional do algodoeiro no cut-out é muito grande.

Os estresses ocasionados durante a fase final do desenvolvimento da lavoura, representada pela abertura dos capulhos, influenciam na qualidade da fibra, e não mais na produtividade. Sendo assim, para realizar a manutenção da produção, é fundamental manter a planta com alto vigor vegetativo e, se necessário, complementar a nutrição de nitrogênio e potássio por meio de aplicações foliares.

É importante destacar que as chuvas não são mais desejadas na lavoura de algodão após a abertura dos capulhos.

Doenças requerem atenção na fase de abertura dos capulhos

A mancha de ramulária segue como uma doença fúngica relevante, principalmente em áreas do Cerrado, devido as condições climáticas favoráveis. A doença é capaz de reduzir até 75% da produtividade em cultivares susceptíveis.

A identificação da ramulária pode ser realizada nas folhas mais velhas, em ambas as faces, através de lesões angulares ou de formato irregular entre as nervuras. O ideal é identificar a presença dela o quanto antes, no início da mancha azulada ou véu de noiva, que se forma na face de baixo da folha.

Em áreas irrigadas ou em plantios adensados, o mofo-branco (Sclerotinia sclerotiorum) também ganha destaque. Os sintomas da doença são murcha, necrose e podridão úmida da haste, do pecíolo, da folha e da maçã. Na fase reprodutiva do fungo causador da doença, ele pode ser identificado pelos escleródios (estruturas irregulares e escuras) no interior das maçãs. Essas estruturas são responsáveis pela persistência da doença na área por até 11 anos.

Início da programação da colheita na fase de abertura dos capulhos

A programação da colheita deve começar neste período, que se encerra com a aplicação de desfolhante.

Os desfolhantes são importantes para garantir uma boa colheita e manter a qualidade das fibras com baixa impureza e umidade, e com amarelecimento reduzido. Por este motivo, o momento da aplicação dos desfolhantes é decisivo para o sucesso da lavoura:

• O acelerador de abertura das maçãs deve ser aplicado quando 70% a 80% dos capulhos estiverem abertos.

• Os desfolhantes devem ser aplicados apenas quando 80% dos capulhos estiverem abertos.

Aplicações antecipadas desses produtos podem ocasionar perda de qualidade de fibras.

Colheita do algodoeiro

Para uma colheita eficiente, preservando a qualidade da fibra produzida, devemos tomar alguns cuidados:

• Antes de iniciar a colheita, é importante realizar o controle de plantas daninhas.
Elas podem diminuir a qualidade das fibras e dificultar a colheita.

• A colheita deve ser realizada no momento ideal.
A umidade do capulho deve estar abaixo de 12%, e 100% dos capulhos devem estar abertos.

• Atenção com a velocidade da colheita.
A velocidade ideal de colheita é 3,5 km/h.

No momento da colheita, é necessário avaliar as perdas ocorridas, como a presença de algodão no chão e de fibras presas nas plantas após a passagem da colhedora. Estes indicadores mostram que algumas regulagens devem ser realizadas na máquina, lembrando que as perdas aceitáveis na colheita são de no máximo de 8% a 10%.

Fonte: Agro Bayer Brasil



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