29 Jan 2013

Os fatores políticos, econômicos e sociais que motivaram a instalação da Fazenda-Modelo de Ponta Grossa, na região dos Campos Gerais, são discutidos pelo historiador Marco Antonio Stancik no livro “Fazenda-Modelo da Ponta Grossa: pecuária, ciência e sociedade – anos 1910-1930”, publicado pelo Instituto Agronômico do Paraná (Iapar).

Stancik é professor da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e tem interesse especial pela história da ciência. Para ele, pesquisar o pensamento científico das primeiras décadas do século 20 é tomar contato não apenas com a produção do conhecimento daquela época, mas com visões de mundo e polêmicas que ajudam a entender a sociedade de forma mais ampla.

Fazendas-Modelo – A Fazenda-Modelo de Ponta Grossa foi estabelecida em 1912, para desenvolver atividades de seleção e cruzamento de gado e pesquisar o cultivo de plantas forrageiras. Naquela época também foram criadas fazendas-modelo no Rio de Janeiro, Bahia, Minas Gerais, Maranhão e Pernambuco.

O Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio, ele próprio recém-criado, apostava na instalação de fazendas-modelo como meio para conjugar a ciência com boas práticas agropecuárias no campo. O propósito dessas ações era fomentar “a indústria pecuária nacional”, como se dizia na época. Lideranças e dirigentes criticavam as poucas iniciativas nesse sentido, realizadas ainda no período monárquico, pautadas na reprodução de gado importado sem qualquer orientação técnica.

Inicialmente denominada “Fazenda-Modelo de Criação do Paraná”, a área pertencia ao Posto Zootécnico, criado pelo Governo do Estado em 1907. A escolha de Ponta Grossa não se deu por acaso. “Na década de 1920, o município ainda era o principal entreposto voltado ao comércio de gado do interior do Paraná”, diz Stancik.

Com o passar do tempo, reformulações no Ministério da Agricultura acarretaram mudanças na denominação e atribuições da Fazenda-Modelo de Ponta Grossa, mas o aprimoramento da pecuária sempre se manteve como atividade principal da unidade de pesquisa. Na década de 1970, denominava-se Estação Experimental de Criação e era ligada ao Instituto de Pesquisa e Experimentação Agropecuária Meridional (Ipeame). Pouco mais tarde, foi incorporada à Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), até que passou à administração do Iapar, em 1978.

Polêmicas – As atividades iniciais a Fazenda-Modelo de Ponta Grossa se deram em meio a uma grande questão que envolvia a pecuária nacional da época – a definição do caminho a seguir nos cruzamentos e seleção de bovinos para modernizar a pecuária praticada no país.

Especialistas e criadores se dividiam na defesa do cruzamento de raças nacionais, como o Caracu, com reprodutores de raças europeias; a correção de defeitos e desenvolvimento de características favoráveis à produção por intermédio de seleção dentro do próprio sangue nos rebanhos nativos, e, ainda, uma terceira corrente que advogava a necessidade de, à parte a questão genética, cuidar primeiramente de obter avanços em alimentação e higiene (defesa sanitária) dos rebanhos. Paralelamente, também havia debates acalorados entre os “zebuístas” e aqueles contrários à ideia de introduzir gado zebu em território nacional.

Em meio à falta de consenso – e também em virtude da dificuldade de importação de animais europeus face à eclosão da Primeira Guerra Mundial – prevaleceu na Fazenda-Modelo de Ponta Grossa o trabalho com animais existentes no território nacional, o que resultou na consolidação de um significativo núcleo da raça Caracu.

Atividades Atuais – Já superando os cem anos de atividades – e graças à origem comum e intercâmbio permanente com outros centros estabelecidos pelo Ministério da Agricultura no início do século passado – a Fazenda-Modelo de Ponta Grossa é atualmente um dos mais conceituados centros de pesquisa em bovinocultura do Brasil.

Essa tradição deu suporte ao ousado projeto de desenvolvimento de uma raça composta com característica e desempenho superior, o Purunã, que reúne as qualidades de mestiços gerados pelo cruzamento entre as raças Caracu, Canchim, Aberdeen Angus e Charolês.

A Fazenda-Modelo também é um dos principais centros de pesquisa em Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF) do Brasil, sistema de produção que permite conciliar a proteção do ambiente com a alta produtividade e a diversificação de renda da propriedade, já que possibilita obter grãos, madeira e carne ou leite na mesma área.

O livro “Fazenda Modelo da Ponta Grossa: pecuária, ciência e sociedade (anos 1910-1930)” custa R$10, e pode ser adquirido no endereço www.iapar.br.

Serviço: Livro “Fazenda-Modelo da Ponta Grossa: pecuária, ciência e sociedade – anos 1910-1930”.

Autor: Marco Antonio Stancik

Preço: R$ 10

Aquisição: no endereço www.iapar.br .

Fonte: Iapar



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