Na integração com eucalipto, área de milho fica menos quente e mais produtiva
07 Nov 2021
"Quando a gente soma todos esses produtos, é só aumento de produtividade e de renda numa mesma área de maneira sustentável”, destacou pesquisador
Aumento de produtividade, de renda, incremento do bem-estar animal e tudo isso com sustentabilidade para o meio ambiente. Assim resumiu o pesquisador da Embrapa Acre Idésio Luis Franke os benefícios da ILPF (integração lavoura-pecuária-floresta) para dentro da porteira.
O especialista falou sobre o assunto em entrevista concedida para a equipe de reportagem do Giro do Boi para a série especial Embrapa em Ação, em episódio que foi ao ar nesta quinta, dia 04.
Franke, que é economista e engenheiro agrônomo com doutorado em desenvolvimento sustentável, apresentou primeiramente o estudo sobre os benefícios da ILPF da Embrapa Acre. Trata-se de integração milho, capim e eucalipto. “No sistema de integração lavoura-pecuária, a gente procura otimizar as culturas, tentando aumentar a produtividade de uma área. Então nós aqui fazemos vários cultivos ao mesmo tempo”, justificou.
MODELO DE PRODUÇÃO
Conforme explicou o pesquisador, nesta área estão sendo cultivadas renques com quatro faixas de eucalipto, o que pode variar conforme o interesse do produtor. A partir do segundo ano, já é possível plantar nas entrelinhas o milho com o capim, aumentando a chance de se colher os benefícios da ILPF.
“Então nós já calcariamos a área, adubamos, vamos produzir eucalipto e, enquanto ele não produz, nós produzimos milho e, ao mesmo tempo, a pastagem embaixo. Embaixo das culturas de milho e eucalipto, temos pasto e vamos fazendo a rotação e soltando gado dentro, gradativamente. À medida que o eucalipto tiver um ano e meio em diante, já podemos soltar o gado”, projetou Idésio.
BOM PRO BOLSO, BOM PRO MEIO AMBIENTE
Segundo disse o agrônomo, os benefícios da ILPF vão além da cesta de produtivos e incremento da produtividade. “De maneira que nós temos uma área com o solo recuperado. Nós temos o incremento fantástico de (estoque de) carbono, fazendo o sequestro de carbono e cooperando com a amenização da questão das mudanças climáticas globais, o que é um papel muito importante”, destacou.
Nesse sentido, Idésio lembrou como o produtor consegue aproveitar todos benefícios da ILPF. “O produtor tem ao mesmo tempo vários produtos em uma mesma área. Ele tem o milho para fazer ração, […] para criação de porco, galinha e mesmo do gado na época mais seca. Ele tem a madeira […] para a sua cerca, currais e outras construções civis na propriedade. E tem o capim cultivado à sombra do eucalipto, gerando bem-estar animal fantástico”, salientou.
Em suma, continuou o doutor em desenvolvimento sustentável, “Nós temos o aumento da produtividade tanto de carne como de leite, temos o aumento da fertilidade das fêmeas. Assim, nós temos aumento das prenhezes e, quando a gente soma todos esses produtos, é só aumento de produtividade e de renda numa mesma área de maneira sustentável”, completou.
MAIS FRESCO E MAIS PRODUTIVO
Em seguida, o pesquisador explicou a relação entre o cultivo do milho à sombra dos eucaliptos, cuja área da lavoura registra 2º C a menos do que as de milho solteiro.
“Devido à condição de menos vento e a temperatura menor, você tem menos evapotranspiração. Portanto, esse milho aqui vai amadurecer mais tarde, vai crescer mais, vai ter uma produtividade maior por esse fator. E ele é plantado no sentido leste-oeste, no sentido da faixa do sol. Mesmo assim ele tem uma condição melhor de estresse térmico comparado com esse milho que está ao lado, que é um milho que está a pleno sol. Essa é uma diferença fantástica na produtividade do milho. Mais um dos benefícios da ILPF, neste caso do milho entre as faixas do eucalipto”, detalhou.
ESCOLHA DAS CULTIVARES
Acima de tudo, para que o sistema seja bem sucedido dentro da porteira, o pesquisador ressaltou a importância de escolher as cultivares certas com o manejo recomendado. É justamente o que ocorre na área de ILPF da Embrapa.
“Esse eucalipto, apesar de ter sido plantado na época seca, tem cerca de um ano e um mês. Ele é de uma variedade que foi clonada, ela é recomendada pela Embrapa. É o clone H13. Nós temos também o VM01, que são dois clone recomendados pela Embrapa para a nossa região, no estado do Acre, e para a Amazônia Ocidental, fruto de 15 anos de pesquisa. […] É um clone que tem um crescimento muito rápido, muito rústico. Nós já podemos soltar o gado dentro com um ano e meio. Então é um material fantástico para a produção de madeira e para sequestro de carbono”, concluiu.
Fonte: Giro do Boi