Pitiose equina: grupo quer retomar pesquisas sobre câncer do pântano

19 Sep 2011

Na semana passada, pesquisadores ligados a Embrapa Pantanal e a três universidades públicas se reuniram em Corumbá para discutir a continuidade das pesquisas relacionadas à pitiose equina, doença também conhecida como “ferida da moda” ou “câncer dos pântanos”.

A pitiose afeta principalmente cavalos que vivem em áreas úmidas. Ela é causada por um fungo que se desenvolve em locais alagadiços, especialmente nas regiões de clima tropical e subtropical. O Pantanal brasileiro é considerado a região de maior ocorrência de pitiose equina do mundo, mas a doença tem sido registrada em todo o país e causa prejuízos significativos. Também há registros de pitiose em cães, bovinos, ovinos e humanos.

O cavalo apresenta lesões que se transformam em grandes feridas se não forem tratadas. O agente etiológico (Pythium insidiosum) não é sensível às drogas antifúngicas existentes e causa a morte ou invalidez na grande maioria dos casos.

Em 1999, a Embrapa Pantanal e a UFSM (Universidade Federal de Santa Maria) lançaram um tratamento com a vacina Pitium Vac, um imunobiológico que, apesar de ser popularmente chamado de vacina, é utilizado na cura da doença.

O professor Jânio Santurio, da UFSM, foi um dos convidados para a reunião técnica realizada dias 15 e 16 na Embrapa Pantanal e organizada pelas pesquisadoras Márcia Furlan e Raquel Soares. Ele trouxe do Rio Grande do Sul três orientandos que estão se dedicando ao estudo da doença. Também participaram a professora Sandra Gimenes Bosco, da Unesp (Universidade Estadual Paullista) de Botucatu (SP), e o professor Carlos Eduardo Pereira dos Santos, da UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso). Participou também o pesquisador André Steffens, da Embrapa Pantanal (Corumbá-MS), Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Jânio disse que dessa reunião técnica surgiram subsídios para novos projetos de pesquisa. Um deles se propõe a aprofundar os estudos sobre a epidemiologia da pitiose equina, ou seja, as características de como ela ocorre na população (como é transmitida, a distribuição, como os organismos reagem etc).

Outro projeto de pesquisa, segundo Jânio, deve avaliar o uso de um adjuvante na vacina já existente. Esse adjuvante seria um estimulante para a resposta imunológica agir por mais tempo.

Um terceiro projeto pretende verificar o papel das mutucas (tabanídeos) no processo de infecção dos animais. Há suspeitas não comprovadas de que esses insetos poderiam interferir na predisposição dos animais em serem infectados. Outra proposta é realizar experimentos para comprovar a suspeita de que altas concentrações de ferro na alimentação dos animais (pastagens e água) estimulariam a infecção pelo Pythium. “O fungo é ávido por ferro. Há estudos feitos na década de 1990 no Pantanal indicando que a região tem alta concentração de ferro nas pastagens e na água”, disse o professor da UFSM.

Pretende-se realizar a investigação da população bacteriana presentes nessas feridas com a finalidade de descobrir se há alguma população específica de bactérias que possa interferir no desenvolvimento da doença.

Fonte: Embrapa Pantanal



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