17 Apr 2017

O gene de uma linhagem muito conhecida e marcante na pecuária brasileira, que encontra se praticamente em extinção, tem interessado pesquisadores da Europa para cruzamentos futuros por conta de suas características de adaptabilidade. O gado Pantaneiro vem sendo estudado e divulgado por um grupo de pesquisadores em Mato Grosso do Sul e já recebeu visitas de pesquisadores de países como a Alemanha, Suíça, Tchecoslováquia, Espanha e Portugal.  

A pesquisa que apresenta o material genético do gado e vem atraindo olhares mundialmente, é do Núcleo de Conservação de Bovinos Pantaneiros (NUBOPAN) em Aquidauana (MS), fundado pelo professor e doutor da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) Marcus Vinicius Moraes de Oliveira.

O grupo de pesquisadores tem se dedicado desde 2009 a conservar e estudar os potenciais zootécnicos da raça, afim de salvar a linhagem que se tornou patrimônio cultural e genético do Pantanal. No Brasil o bovino Pantaneiro faz parte de um seleto grupo de raças consideradas localmente adaptadas. Os ancestrais europeus do bovino chegaram com os colonizadores Espanhóis e Portugueses, formando assim a base da pecuária pantaneira por séculos, com mais de 2 milhões de indivíduos no baixo pantanal. Hoje restam somente cerca de 500 cabeças nos Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Baia das Pedras em Aquidauana, fazendeiro que cria o gado Pantaneiro e pesquisador Marcus VinícusPesquisador Marcus Vinícius, na fazenda Baia das Pedras em Aquidauana (MS), (Foto: Divulgação Nubopam)

“A perda desta linhagem, essencialmente taurina, haja vista que o gado Pantaneiro é um Bos taurus taurus, representa um prejuízo incalculável tanto para cultura brasileira, por representar a nossa história na pecuária, quanto para a Ciência e para o mercado mundial por conta de suas características ímpares de rusticidade, adaptabilidade às condições climáticas e resistência a doenças e parasitas. O trabalho que os pesquisadores vem fazendo é de alta relevância e tem atraído olhares de outros países”, comenta Oliveira.

O material genético é atrativo para pesquisadores da Europa que procuram por uma raça resistente as diversidades do clima. Segundo Oliveira, os dados levantados até o momento foram publicados em diversas revistas do segmento da ciência, e apresentou um bom retorno, pois diversos pesquisadores foram à Aquidauana para conhecer “in locu” o gado Pantaneiro, que até então estava esquecido.

“Hoje com a instabilidade climática mundial, vemos um aumento da temperatura ambiental e elevação da infestação de parasitas, mesmo em países de clima frio, como a Europa. Na Suíça, por exemplo, já há relatos de problemas com carrapatos. E é por isso que o gado Pantaneiro se mostra uma alternativa atrativa, por conta da alta adaptabilidade e resistência a problemas de carrapatos e verminoses, características estas que foram adquiridas ao longo dos séculos de seleção natural”.

O Núcleo coleta informações técnicas sobre a raça, como ganho de peso, produção de leite, resistência a parasitas, afim de identificar e selecionar animais zootecnicamente superiores visando à formação das linhagens de Carne e Leite. O objetivo é que futuramente seja trabalhado seu melhoramento genético, transferindo as características peculiares do gado Pantaneiro para outras raças.

“Não dá para querer voltar ao esplendor que ele foi no passado. A ideia é multiplicar essa funcionalidade muito preciosa que ele tem, e oferecer mais uma opção na pecuária para os produtores”.

Os projetos desenvolvidos no NUBOPAN são financiados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Centro de Pesquisa do Pantanal (CPP), Rede Pró-Centro Oeste, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul (FUNDECT).

Fonte: Adrielle Santana



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