Situação da JBS deve abrir espaço para outras empresas, diz Jardim

02 Jun 2017

A situação da JBS depois das delações à Justiça pode levar a um aumento da participação de outros agentes no mercado de carne bovina. A avaliação foi feita pelo secretário de Agricultura do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim. 

“A primeira consequência deve ser a emergência de frigoríficos de abrangência regional. Tínhamos visto uma grande concentração, e acho que a situação da JBS abre espaço para outras forças”, disse Jardim, em entrevista coletiva realizada nesta quinta-feira (1/6) durante o Seminário Perspectivas para o Agribusiness 2017 e 2018, promovido pela B3, na capital paulista.

Com a maior das processadoras de carne do país enfrentando pendências judiciais, o mercado vive uma incerteza. Em Mato Grosso, onde está o maior rebanho do Brasil e a JBS responde por praticamente metade dos abates, pecuaristas querem incentivo tributário para abate de bovinos fora do Estado. E o governo estadual estuda formas de aumentar a concorrência na indústria.

São Paulo detém em torno de 5% do rebanho comercial no Brasil, lembrou o secretário de Agricultura. No entanto, o Estado é um importante “abatedouro”, responsável por 24% do processamento no Brasil, principalmente de carne bovina destinada à exportação.

Questionado sobre eventual apoio ao setor pelo governo paulista, Arnaldo Jardim disse que, pelo menos até o momento, não vê necessidade de mudanças tributárias. Segundo ele, as medidas passam por fortalecimento do sistema de inspeção sanitária do Estado, além de iniciativas de exposição e promoção de produtos.

“Todas as linhas de crédito do governo do Estado são mantidas para permitir um apoio ao capital de giro das empresas. Isso tem tido uma repercussão positiva na avicultura e deve se desdobrar na bovinocultura”, acrescentou Jardim, referindo-se ao Desenvolve SP, a agência paulista de fomento.

O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, reconheceu que há uma preocupação grande com a situação da JBS. E avaliou que é preciso tomar cuidado para separar a questão política e a econômica.

“As investigações devem ser feitas, mas temos que cuidar da produção. Queira ou não, a JBS tem um mercado muito forte de exportação de proteína animal. É preciso cuidar para não estourar a empresa, talvez trocar o comando, mas ter cautela nessa discussão”, disse Geller.

Fonte: Globo Rural



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