Produtor de sucesso: estação de monta
12 Aug 2011
O retorno financeiro da pecuária de cria depende da taxa de prenhez obtida durante a estação de monta, que deve ser igual ou superior a 80%. Se a dificuldade em atingir esse índice já é expressiva, alcançá-lo em uma propriedade descapitalizada é mais complicado ainda. Foi assim que o médico veterinário Rafael Lima iniciou a gestão da sua propriedade, a Fazenda Ronda, em Santa Rita do Pardo/MS, em 1998.
Para conseguir aumentar o fluxo de capital dentro da propriedade, Lima investiu na formação de novas áreas de pastagem e na eficiência reprodutiva através da IATF, a Inseminação Artificial por Tempo Fixo, que começou a utilizar em 2009. “Meu maior problema era o tradicionalismo do meu avô”, lembra Rafael Lima.
O veterinário assumiu primeiro a gestão da Fazenda Rondinha, uma parte da Fazenda Ronda que pertencia ao seu pai. “Meu pai não tinha interesse em tocar a fazenda, então eu comecei a tecnificar a propriedade e implementei as inovações aos poucos. Depois, com meu avô em idade avançada, pude transformar também a outra parte da fazenda, melhorando principalmente a estrutura”, justifica Rafael.
Fazenda Ronda em 1998
• Propriedade descapitalizada;
• Pastejo contínuo e degradação de pastagens;
• Estação de monta pouco produtiva.
Fazenda Ronda em 2011
• Uso de capital proveniente apenas da produção da fazenda;
• Aumento de área e pastejo rotacionado (implementado em 2003);
• Assistência técnica para IATF (implementando em 2009).
Dicas para capitalizar a fazenda
Rafael afirma que, independentemente da região, a propriedade deve sair do modelo tradicional de manejo. “Meu avô mantinha o gado magro e vendia já em idade avançada. Hoje não tem mais espaço para isso”, sentencia o pecuarista. O gestor da Fazenda Ronda listou algumas dicas para poder reestruturar o modelo de negócio na pecuária:
• Estar disposto a mudar e sair do tradicionalismo;
• Aplicar tecnologias sempre com assistência técnica;
• Não ser agressivo para evitar o risco de descapitalizar o negócio.
Resultados
Para triplicar o fluxo de capital dentro da fazenda no período de 1998 a 2011, Lima investiu em tecnologias além da IATF, como o pastejo rotacionado e o uso de sal protéico. “Tudo na pecuária funciona a longo prazo. Dessas mudanças, a que dá retorno em menos tempo é IATF”, pondera Rafael.
Hoje, a Fazenda Ronda tem um rebanho que gira entre 800 e 1000 vacas, inseminadas para fazer cruzamento industrial com Aberdeen Angus. A partir do uso da IATF, a taxa de prenhez passou de 70% para 85%. A renda cresceu proporcionalmente, aumentando também 15% de 2009 até o primeiro semestre de 2011.
Agora, o objetivo da Fazenda Ronda é continuar investindo na estrutura. A propriedade já tem, desde 2003, sistema de pastejo rotacionado, que Rafael julga importantíssimo. Ele acredita que em sua região, no entanto, apenas 10% dos pecuaristas façam o revezamento das áreas.
Os piquetes são preparados com B. humidicola, B. decumbens (pastejo tradicional) e B. Brizantha Marandu (pastejo rotacionado), cujo uso varia de acordo com o clima e a época do ano. E para concluir o raciocínio, Rafael Lima dá as seguintes dicas para começar a rotação de pastos, com o objetivo de aumentar a capacidade de lotação e deixar o solo sempre em boas condições:
• Escolha uma área não degradada;
• Tenha água facilmente disponível;
• Providencie uma cerca elétrica.
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Fonte: José Luiz Alves Neto / Rural Centro