Confinamento bovino: boitel e parceria

10 Oct 2011

Até 2006 era comum a arroba produzida em confinamento ser mais cara que a arroba do boi magro. Na maior parte das vezes, empatar o capital investido em alimentação já era bom negócio. Nessa época lucrava-se na compra dos animais para engorda.

De 2007 para cá, o encolhimento do rebanho valorizou o boi magro e fez com que o confinador tivesse que investir em nutrição animal para lucrar com a eficiência alimentar. O volumoso, que era cerca de 80% da dieta de um confinamento, hoje é 10%, com 90% de concentrado. Assim, uma nova modalidade de negócios começou a tornar-se viável: o boitel.

+ Veja também: Simpósio CONFINAR 2013, dias 9 e 10 de maio

“O boi magro passou a valer mais, então você tinha que ter eficiência no ganho de peso. Esse avanço em nutrição animal possibilita, hoje, produzir em grande escala animais precoces e até super precoce, como é bem comum hoje no Mato Grosso do Sul”, enfatiza Fernando Flores, gerente do Malibu Confinamento.

São dois os principais modelos de negócios para confinamento de bovinos de corte. Veja quais são:

Parceria
O pecuarista não tem custo nenhum com alimentação do gado. O que ocorre é que ele tem direito a receber o peso de entrada de seu rebanho em arrobas de boi gordo na hora do abate. Assim, a arroba do boi gordo tem que estar mais valorizada que a arroba do boi magro para que ele tenha lucro.

 

Veja o exemplo:

• Entrada do gado com 360 kg com 50% no rendimento de carcaça = 180 kg
• 180 kg = 12 arrobas
• No dia do abate, o pecuarista teria direito a 12 arrobas de boi gordo.

Se a arroba de boi gordo estiver mais valorizada que a arroba do boi magro que entrou no confinamento, ele lucra. 

Exigências para o modelo de parceria:
• Genética;
• Peso mínimo de entrada (330 quilos para machos e 290 kg para fêmeas);
Raça nelore, mestiço de corte ou cruzamento industrial.

Boitel
Neste modelo, cobra-se uma diária cujos valores vão de acordo com o sexo e o peso de entrada dos animais. O pecuarista pode lucrar então com todas as outras variáveis, principalmente com o rendimento de carcaça. Além disso, ele tem autonomia para escolher data do abate e selecionar os lotes a serem embarcados.

Preço da diária de boitel no MS:

Machos
o Até 400 quilos: R$ 5,30
o De 400 a 450 quilos: R$ 5,70
o De 450 a 600 quilos: R$ 6,20

Fêmeas
o Até 330 quilos: R$ 4,40
o 330 a 400 quilos: R$ 4,80

O Malibu trabalha hoje com quatro tratos diários – 7h30, 9h30, 13h30 e 16h. A comida é distribuída à vontade, ou seja, o boi não para de comer. A água é reposta através de um sistema de bóia automática, que facilita o manejo e renova o líquido continuamente.

Na entrada dos animais é feito o manejo sanitário. O custo de R$ 4 para cada cabeça inclui vacinação contra clostridiose, botulismo, doenças respiratórias e também vermifugação. Além disso, o animal ganha rastreabilidade do sistema Eras Sisbov/MS, com brinco e botton.

Caso haja refugo de cocho por parte de algum animal, o Confinamento Malibu cobra 20% do valor da diária e o animal vai para uma área de semi confinamento, com pasto e ração.

“Com o mercado configurado com está hoje, o Confinamento Malibu está entregando uma alta lucratividade por arroba produzida”, comemora o gerente Fernando Flores. Pela versatilidade dos modelos de negócios, existem hoje criadores com 9 animais confinados e outros com 5 mil cabeças na unidade de Castilho, interior de São Paulo, que existe desde 2001. A unidade de Campo Grande está em funcionamento desde junho de 2010 e tem capacidade estática para 50 mil animais nos seus 120 hectares de espaço confinado.  O ano passado, o Malibu da capital sul-mato-grossense confinou 25 mil cabeças e em 2011 já passa das 30 mil. 

Lucratividade
A média do ganho de peso diário hoje fica em torno de 1,5 kg para machos e 1,2 kg para as fêmeas. Já houve casos, por exemplo, de ganho diário de 2,2 kg. O caso ocorreu em agosto de 2011. A boiada, que totalizou 101 cabeças, foi abatida em três etapas:

• Os primeiros 60 bois ficaram 45 dias no confinamento, saíram com 20 arrobas com ganho diário médio de 2,2 kg.
• Com 62 dias de confinamento, saíram outros 20 bois, também com 20 arrobas com ganho de peso diário de 2,2 kg.
• Após 82 dias, mais 21 bois foram para abate. Estes apresentaram 1,7 kg de ganho de peso por dia e 18,5 arrobas.

 

Cabeças

Dias no confinamento

Ganho de peso diário

Peso de saída

60

45

2,2 kg

20 @

20

62

2,2 kg

20 @

21

82

1,7 kg

18,5 @

Foram 101 cabeças que ficaram confinadas em média 56 dias e o ganho de peso foi de 2,047 kg/dia.

Segundo o proprietário dos bois, Murilo Zanutto Velasques, "na maioria das vezes as arrobas produzidas em confinamento empatam com os custos, sobrando no bolso do pecuarista apenas os ganhos indiretos. Nesse caso do boitel no Malibu, todos os custos, desde frete até nota fiscal de transferência, foram cobertos e ainda me sobrou R$ 50,00 por boi".

Neste caso, a boiada era boa de raça e entrou pesada, com 455 kg e 3 anos de idade. Eram animais com carcaça para preencher. Outra vantagem que o confinamento trouxe foi um bônus de R$ 1 por arroba, pela proximidade de Campo Grande-MS.

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Fonte: José Luiz Alves Neto / Rural Centro



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