Mercado futuro do boi: Rogério Goulart fala sobre pecuária em 2012

20 Oct 2011

A atração desta quarta-feira (19) à noite na semana de inauguração da HStore, loja conceito da Beckhauser, foi o editor da Carta Pecuária, Rogério Goulart. A palestra, que falou sobre as tendências do mercado pecuário para 2012, deixou muito boa impressão entre os 30 criadores presentes.

Para explicar de forma didática a palestra, podemos iniciar sua apresentação pelo fim:

Cenário da pecuária em outubro de 2011

Mato Grosso do Sul

Brasil

- Margem de lucro ruim para o invernista

- Escala de abate reduzida

- Arroba do boi pressionada

- Oferta de boi gordo restrita

- Arroba do bezerro de aproximadamente R$ 118,00

- Salários firmes

- Historicamente o MS pode estar passando por um momento de virada de mercado

- Exportação em queda

Conclusão: o mercado pode pagar mais.


Para embasar essas conclusões acima, Rogério, que também é pecuarista, apresentou gráficos históricos da atividade em Mato Grosso do Sul e do Brasil. “O MS tem uma das melhores carnes do país e é famoso pela oferta de boi a pasto”, contextualizou.

Veja também:

Fale com o Rogério Goulart através de seu perfil +Rural

+Rural: Mercado de futuros agrícolas


Aftosa no Paraguai
“Ainda é uma incógnita. Outro dia escutei gente falando que ainda não compensa para o pecuarista trazer clandestinamente bezerro do Paraguai por conta de preço. Pode ser que compense no ano que vem”, ponderou Rogério.

Preço atual da arroba em MS
“2008 foi o maior preço que o MS já pegou. Estava em R$ 105. Hoje o preço da arroba do boi gordo em MS é de R$ 94. Até mais um pouco, porque hoje (19) vi negócios da R$ 96.”

Mercado conjunto
“É mais difícil roubar o preço do Mato Grosso do Sul, mais do que é em outro estados porque aqui tem muito comprador de gado. Outro fator que faz o mercado do MS ser sólido é que, pro frigorífico, o mercado de MS e São Paulo estão em uma mesma mesa, ou seja, é o mesmo mercado”, tranqüilizou Goulart.

Comparativo de preços: bezerro, vaca e boi
Matrizes Nelore“Quem engordou bezerro esse ano teve lucro zero. Não tá compensando engordar bezerro com a arroba do boi do jeito que está. Em 1994, a @ do boi era R$ 18 e remunerava mais que hoje”, relembra o editor da Carta Pecuária. Ele disse ainda que, para remunerar bem, a arroba deveria estar custando aproximadamente R$ 118, próximo à arroba do bezerro de hoje.

“Historicamente, o preço da arroba do bezerro é o teto da arroba do boi. Às vezes chega a igualar. Quem segura bezerro hoje tem que ser remunerado, porque é quem fica com o maior risco da atividade”, afirmou o pecuarista. “Quem somente produz bezerro não é influenciado pelo preço da carne no mercado consumidor, por isso sempre existirá tensão quanto ao preço da arroba do boi”, acrescentou.

Goulart ressaltou ainda que a engorda da vaca, por ser mais barata e mais rápida, está crescendo, pois o deságio em relação ao boi está diminuindo. Hoje, a média de diferença entre um e outro é de 6%.

Prevendo o preço da arroba do boi
“Quando você quiser vender seu boi, vê quanto tá o preço no atacado. Frigorífico ganha dinheiro com boi? Mais ou menos. Ganha pelo volume que comercializa. Então, a análise do preço do boi é como você conhecer individualmente os cômodos de uma casa e imaginar ela inteira. São vários fatores que influenciam: abate de fêmeas, preço no supermercado e até preço do diesel e taxa de inadimplência em bancos. Quanto menor o preço da arroba, é mais difícil do frigorífico forçar pra baixo. É como se o frigorífico tivesse balançando uma árvore. Força preço, uns vão vendendo e outros vão segurando. Assim o mercado toma forma”, disse Goulart, usando uma metáfora.

Queda no abate
Rogério apresentou um gráfico mensal no qual cada linha representa o abate dos últimos doze meses. O período de Agosto/2010 a Agosto/2011 apresentou queda de mais de um milhão de cabeças abatidas em relação a Agosto/2009 a Agosto/2010.

Veja também:

Confinar 2012: programação do evento que acontece dias 8 e 9 de junho em Campo Grande/MS


“Isso significa que não tem boi no pasto por causa do abate de fêmeas em 2005 e indica que o mercado interno está aquecido”, analisou.

Em agosto, o dinheiro que entrou na economia brasileira foi recorde: R$ 37 bilhões, somando os salários dos funcionários de empresas e já corrigida a inflação. O salário médio real é de R$ 1650, também recorde histórico.

“O orçamento médio do brasileiro para a compra de carnes no mercado é de 20% do total do dinheiro para frango, 37% para carne bovina e 43% para outras. Podem ficar tranqüilos, no fim do ano o sujeito vai sim comer peru no natal e ano novo, mas com certeza vai chamar os amigos para fazer um churrasco porque carne é a preferência nacional”, previu o analista.

Conclusão

Boi magro no curralOs recordes de injeção de dinheiro na economia, salário médio e até de venda de papelão ondulado (afinal, qualquer mercadoria circula em caixa de papelão) indicam o crescimento acelerado do Brasil e mercado interno aquecido.

“Os preços da vaca e do bezerro vaca estão ok, o da carne também, só a arroba do boi que não, isso por causa da crise nos frigoríficos”, sintetizou Goulart. Assim, explica-se a conclusão apresentada no início do texto: a demanda interna aquecida indica que o consumo de carne bovina irá manter-se em níveis elevados, situação que pode levar a uma remuneração melhor para a arroba do boi em 2012.

Quer continuar falando sobre mercado de boi gordo? Faça login ou cadastre-se e participe do debate "Quem sabe responde: preço futuro do boi gordo" na rede social +Rural, uma plataforma para relacionamentos direcionada para pessoas do agronegócio.

Saiba mais sobre o +Rural
 

Veja Mais:

Atual preço do boi gordo nas principais praças produtoras!

+Rural: Participe da Rede Temática - Pecuária de Corte!

Foto em destaque: Marcos Bergamasco/Secom-MT

Fonte: José Luiz Alves Neto / Rural Centro



Nosso site possui algumas políticas de privacidade. Tudo para tornar sua experiência a mais agradável possível. Para entender quais são, clique em POLÍTICA DE PRIVACIDADE. Ao clicar em Eu concordo, você aceita as nossas políticas de privacidades.