Produtor de sucesso: lavoura, pecuária e comercialização

21 Oct 2011
É preciso ter paixão pelo agronegócio para arrumar tempo de participar de um grupo de pecuaristas que busca vender de carne com valor agregado, trabalhar com reprodução de eqüinos, lavoura de soja e milho, competir em provas de timpene e ainda tocar um shopping agropecuário. É com essa vocação que, desde pequeno, Luiz Belich está envolvido com o meio rural.
“O agronegócio vem desde pequeno, principalmente a pecuária. Eu sempre gostei e fiz veterinária por conta disso”, revela o produtor de Palmeira/PR. O veterinário trabalhou aproximadamente dez anos com clínica e reprodução bovina até parar em 2009, quando entrou como sócio de uma loja agropecuária (Narf Shopping Agropecuário), que toca até hoje com os irmãos. “Mas eu paro muito pouco na loja. Quando estou lá eu ajudo no balcão, mas meu trabalho é mesmo no campo. A gente atende as fazendas da região e tudo que um sítio precisa, encontra lá”, orgulha-se.
Grupo Araucária - comercialização de carne de angus 3/4
Há cerca de cinco anos um grupo de pecuaristas paranaenses se reuniu para aumentar sua competitividade na pecuária. A área de pastagens no Paraná é cada vez mais restrita, então se torna inviável competir com a pecuária do Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Desta forma, o Grupo Araucária busca agregar qualidade na carne de angus para competir com o padrão argentino de maciez, textura e sabor.
O Grupo Araucária, que hoje tem 12 produtores, reúne-se a cada três meses para procurar novos associados. A vantagem é oferecer prêmio no preço da arroba. “Nós fechamos o abate com um frigorífico que fica próximo a Curitiba que hoje paga 5% a mais para os pecuaristas que terminam bezerros do nosso grupo. A ideia final é conseguir um bônus de 10 a 15% na arroba dos animais que estejam rastreados pelo grupo”, planeja Luiz.
Para popularizar o trabalho, o grupo realizou em 2011 seu primeiro leilão, com 800 animais meio sangue angus. A meta é trabalhar com animais de ¾ de sangue (proporção considerada ideal em testes de degustação de carne de angus feitos pelo grupo) e, em março de 2012, realizar o segundo leilão com mais de 1000 animais padronizados.
Criação de angus
Belich tem atualmente 200 matrizes e 300 cabeças ao todo, entre touros e bezerros, todas criadas a pasto. A área de sua propriedade que destinada à pecuária é de 350 hectares, juntando o pasto e lavoura. O pasto de inverno é feito com aveia e azevém e no verão o gado fica em 70 hectares. “Mas aí eu capricho na pastagem. Os piquetes são bem divididos e eu faço adubação pra deixar tudo tranquilo”, explica o pecuarista, preocupando-se com a degradação.
O pasto é composto principalmente por capim nativo, pensacola e tierra verde.
Lavoura de soja e milho
São 250 hectares que alternam uma safra anual de soja e milho. Na área em que foi plantado milho no ano anterior, planta-se soja no ano seguinte, e assim segue alternando os cultivos para não desgastar o solo. “Aqui não fazemos a safrinha. Por isso a produção é toda tecnificada. A produtividade é de 138 sacos de soja e 420 sacos de milho por alqueire, o que dá aproximadamente 45,8 sacos por hectare de soja e 175 sacos de milho por hectare.
Reprodução de quarto-de-milha
Atualmente, a atividade menos lucrativa praticada por Belich é a reprodução de eqüinos. “Mas é a que eu tenho grande paixão”, balanceia o produtor. Luiz tem cinco éguas em sua propriedade e todo ano produz, principalmente, potros quarto-de-milha para trabalho. Os trabalhos são feitos sempre no fim do ano, período ideal para a reprodução de equinos.
Luiz Belich também compete no mínimo uma vez por mês em provas de timpene, uma modalidade de prova de apartação. Só da ABQM (Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Quarto de Milha) são quatro por ano. “Eu gosto de dizer que o cavalo tem que ter cowsense, ou seja, tem que gostar de trabalhar com gado. Tem que ser ágil e movimentar-se bem para os lados”, caracteriza o veterinário. Segundo ele, sua região (Palmeira-PR) é o limite entre as preferências por raças eqüinas. “Daqui pro sul o cavalo crioulo toma conta. Pro norte, é o quarto-de-milha, principalmente em São Paulo”, conta.
Duas dicas
Aguentar a correria do dia-a-dia é possível somente pelo gosto pelo que faz. “Agora no fim de ano é corrido por que tem a reprodução dos cavalos, logo mais em janeiro tem o plantio de soja e milho. Só dá uma folgada no inverno”, projeta Belich.
Mas a rotina é necessária. Segundo o criador, principalmente no meio agropecuário, é preciso diversificar a produção. “Não dá para ficar só numa”, enfatiza. “Quem depende de clima e preço tem que ter diversidade nos negócios”, avisa Luiz. Além disso, o outro segredo já foi revelado no primeiro parágrafo. “Tem que gostar do que faz, assim como qualquer outra atividade que você for fazer. Aquilo que você não gosta, não faz 100%”, conclui Belich.
Fonte: José Luiz Alves Neto / Rural Centro