16 Dec 2011

A carne produzida sem hormônios artificiais ou antibióticos, às vezes chamada de "totalmente natural", pode ser uma valiosa diferenciação para o varejo, mas isso gera tempo e trabalho de comunicação com os consumidores, disseram representantes de supermercados dos Estados Unidos.

O que mais conta, disseram eles, é a parceria com produtores que podem garantir um abastecimento consistente e, então, explicar aos compradores, que "natural" significa que não foram usados hormônios ou antibióticos na produção de uma determinada linha de produtos. A Stew Leonard's, uma rede independente de varejo, localizada em Norwalk, é um bom exemplo disso.

"Tivemos um crescimento de 15% na categoria (sem antibióticos e sem hormônios artificiais) nos últimos anos. Tem sido um crescimento estável", disse o presidente e diretor executivo da companhia, Stew Leonard Jr.

"A carne sem antibióticos e sem hormônios (naked), é uma combinação campeã", disse Leonard. Entretanto, essa tendência não tem se traduzido em um aumento na demanda por carne bovina orgânica, disse ele. "Realmente, não tem havido crescimento aí. Eu acho que é por causa do preço e porque os clientes estão obtendo o que querem com a carne bovina, suína e de frango naked. Elas não têm hormônios (artificiais) e nem antibiótico e isso é importante para eles, e vendemos esses produtos por apenas cerca de um dólar por libra a mais do que os produtos comuns" (equivalente a US$2,20/kg).

Outros varejistas disseram que a carne de animais criados a pasto está sendo menos aceita pelos clientes, porque não dá a eles a experiência de consumo que eles esperam. A textura e o sabor são diferentes comparados com a carne de animais alimentados com milho.

"Tivemos um requerimento ocasional por carne bovina de animais criados a pasto, mas não tivemos muitas vendas repetidas", disse o supervisor/comprador de carnes de três unidades da Stauffers de Kissel Hill, em Lititz, John Gerlach.

"O que eu acho honestamente é que eles simplesmente não gostam muito. Eles têm sido aconselhados, talvez por seus médicos, a experimentar a carne de animais criados a pasto, porque é muito mais magra, e eles tentam fazer isso, mas percebem que não têm a mesma experiência de consumo que costumavam ter".

Gerlach disse que pode ser difícil produzir carne a pasto que tenha um sabor consistente. "Fiz uma seleção limitada de carne orgânica, carne moída a pasto e steaks e, para os feriados, terei algumas costelas, mas para nosso setor completo de carne bovina, isso representa somente 2% a 3% das vendas e essas não estão crescendo. Existem clientes que querem esse produto e eles são firmes, mas não é uma categoria em crescimento, não para nós".

Assim como outros varejistas, Gerlach disse que a carne bovina, suína e de frango totalmente natural, ou seja, livre de hormônios artificiais e antibióticos, representam apenas uma pequena parte de seu departamento de carnes, mas ele disse que esse é um nicho que chegou para ficar.

Ao mesmo tempo, alguns pequenos independentes, que vêm trabalhando com os fornecedores por anos, têm preparado seus setores de carne exclusivamente com produtos que podem comercializar com confiança como nunca tendo antibióticos ou hormônios artificiais.

Outros varejistas estão lutando com diferentes categorias, tentando determinar o que seus clientes querem. A United Supermarkets, de Lubbock, Texas, agora está no meio da implementação de uma nova estratégia, ou voltando para a velha estratégia que trabalhou em suas lojas de luxo de Market Street.

"Em geral, dentre todas as categorias, estão vendo a carne totalmente natural crescendo nas vendas", disse o diretor de carnes e frutos do mar de 50 unidades da United Supermarkets. Scott Nettles. "Porém, tentei algo em nossos departamentos de carnes de Market Street que não deu certo, sendo que agora, voltei ao que estávamos fazendo antes".

Nettles anteriormente tinha um programa de carne bovina Angus certificada - Certified Angus Beef (CAB) - que era totalmente natural, bem como uma linha de carne bovina orgânica a pasto do Uruguai, combinados com um programa de seleção e um programa de rotulagem privada Choice. Nenhum desses dois últimos produtos era totalmente natural.

"Para tentar simplificar nossa compra, mudei para o programa Texas Select Beef, um programa selecionado da marca CAB e um programa de carne orgânica a pasto. Eu achava que podia transferir os clientes do programa natural que eu tinha para o de carne orgânica a pasto.

Porém, as vendas caíram rapidamente", disse Nettles. "Eu acho que nossos clientes que compravam a carne bovina natural CAB migraram para outro lugar, porque eles claramente queriam a carne bovina certificada Angus. Nós tivemos uma contração (nas sub-categorias de orgânicos e de carne a pasto) tão grande, que isso se constituiu em uma perda líquida para nós".

Nettles disse que ele manteve alguns clientes para carne bovina orgânica, mas que teve que tomar medidas para minimizar a contração. Dessa forma, ele está comprando a maioria desse produto em embalagens a vácuo para fornecer um prazo de validade maior.

Ele também está querendo trazer de volta todas as variedades que tinha anteriormente no programa de carne bovina sem hormônios artificiais nem antibióticos. Isso inclui os principais cortes, como lombo, filé mignon, carne moída 90% magra, entre outros. "Também trarei alguns assados, picanha e outras coisas, para o inverno. Acima de tudo, eu acho que os clientes querem uma boa experiência de consumo".

Nettles espera que o crescimento no setor de carne bovina sem antibióticos e hormônios artificiais continue nas lojas de Market Street e em geral.

Diferentemente de alguns outros varejistas, o Kowalski's Markets pode contar com a carne bovina a pasto como uma das de melhores vendas em sua seleção de carne bovina natural. "Eu acho que nossos esforços para educar nossos clientes sobre todas as categorias têm tornado nossa carne um departamento procurado. Isso definitivamente nos deixa de fora da competição", disse o vice-presidente de operações de alimentos frescos do Kowalski's, Terri Bennis.

Durante os últimos cinco anos, a companhia tem feito um esforço para tornar o setor de carnes frescas quase 100% natural. Bennis e outros varejistas enfatizaram a importância de educar os clientes sobre os diferentes significados, por exemplo, da denominação "natural".

De acordo com as atuais regulamentações do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), "totalmente natural" pode simplesmente significar que não foram incorporados aditivos ou conservantes após o abate e resultante de um produto minimamente processado. Dessa forma, os varejistas sabem que precisam enfatizar que sua carne fresca "sem antibióticos, nem hormônios artificiais" são realmente isso.

Nettles disse que fez bom uso dessa denominação e tem colado adesivos em frente das caixas de carnes. Gerlach usa adesivos nas embalagens escritos "sem antibióticos, sem hormônios". Os adesivos são coloridos. Eles precisam estar na embalagem porque os produtos sem antibióticos e sem hormônios artificiais são integrados com produtos comuns em muitos casos.

Na Stew Leonard's, 15% a 20% das ofertas de carnes frescas da companhia não têm hormônios ou antibióticos, os clientes sabem o que significa a indicação "naked". Stew Leonard Jr. cunhou a palavra naked para designar esses produtos.

Durante os últimos cinco anos, Leonard trabalhou de perto com os produtores que fornecem carne bovina à rede. Agora, ele está trabalhando com seis diferentes fazendas do oeste dos Estados Unidos de quem ele compra diretamente.

Os varejistas indicaram que os compradores que querem carne "totalmente natural" estão mais preocupados com o uso de hormônios artificiais e antibióticos nos produtos comuns. Dessa forma, eles vêem um futuro brilhante pela frente para essa sub-categoria. Mesmo que as vendas tenham crescido lentamente, elas continuam subindo mesmo durante a pior recessão, disseram os varejistas.

O último Estudo Nacional dos Departamentos de Carne, um relatório compilado uma vez a cada três anos pela marca de embalagem Cryovac, pelo Programa Beef Checkoff e pelo Conselho Nacional de Carne Suína dos Estados Unidos, ressalta esses comentários.

O estudo mostrou que 32% das embalagens no setor de carnes em 2010 tinham a denominação "natural", 3% a mais que em 2007. Esse dado, entretanto, reúne os produtos que somente cumprem com a definição de carne minimamente processada para "totalmente natural" do USDA e os produtores que foram feitos sem o uso de hormônios e antibióticos.

O mesmo estudo mostrou que somente 0,9% das embalagens no setor de carnes trazia o selo de Certificado Orgânico do USDA. Os dados atuais compilados nacionalmente pela Associação Nacional de Produtores de Carne Bovina (NCBA) via programa Beef Chekoff e os dados do The Perishables Group, uma firma de consultoria de alimentos frescos de Chicago, em alguns casos, opõem-se ao que os varejistas disseram estar vivenciando. Os dados da NCBA e da The Perishables Group, entretanto, esclarecem um cenário mais amplo sobre para onde a demanda dos consumidores por carne bovina de animais criados naturalmente e organicamente e outras carnes frescas está indo.

A categoria de carne bovina natural/orgânica apresentou um declínio significante - de 12,5% - no terceiro trimestre desse ano, comparado com o mesmo período do ano anterior, disse a porta-voz da NCBA, Meghan Pusey. Essa queda é parcialmente resultado do tamanho relativamente pequeno da sub-categoria.

De acordo com FreshLook Marketing Data fornecidos pela NCBA, as vendas varejistas de carne bovina natural e orgânica representaram somente 2,5% do volume total de carne bovina e 3,9% das vendas totais em valor da carne vendida nos Estados Unidos durante 13 semanas que terminaram em 25 de setembro de 2011.

A pesquisa da NCBA mostra que os clientes mantêm um interesse na carne bovina produzida naturalmente mesmo se esse interesse não esteja atualmente sendo transferido às vendas. A porcentagem de consumidores mostrando preocupação sobre o uso de hormônios artificiais e antibióticos na carne bovina aumentou, a cada ano, desde 2007, mostrou um estudo do Beef Chekoff de julho de 2011.

 

Fonte: BeefPoint



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