Ataques de onças a ovelhas preocupa pesquisadores da Embrapa em MS
07 Feb 2012
Pesquisadores da Embrapa Gado de Corte estão preocupados com o aumento de ataques de onças-pardas a ovelhas na fazenda modelo da empresa, localizada em Terenos, a 27 km de Campo Grande. De acordo com o zootecnista e pesquisador de ovinos, Fernando Alvarenga Reis, 47 animais foram mortos por esses felinos nos últimos 18 meses. O último ataque ocorreu há duas semanas.
A Embrapa enviou ofício para o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), já que nenhum tipo de ação pode ser tomada sem o aval do órgão. No Ibama, a informação é que são necessários mais dados para alguma providência.
Reis disse ao G1 que esse último registro de onças no local foi perto da casa de 11 funcionários que vivem e trabalham na fazenda como caseiros. “É assustador do ponto de vista experimental e emocional também”, conta o zootecnista da Embrapa. “Existem famílias com crianças aqui, todos estão bastante assustadas”
Reis explica que pesquisadores identificaram os animais responsáveis pelas mortes dos ovinos por meio das pegadas deixadas próximo às carcaças. De acordo com o médico veterinário e pesquisador da empresa, João Batista Catto, o que chama a atenção é que os animais não são comidos pelos felinos. Isso, segundo ele, levantou a suspeita de que a onça esteja ensinando um filhote a caçar.
De acordo com o veterinário, a quantidade de ataques aumentou a partir de setembro de 2011, quando quatro ovelhas foram encontradas mortas. Entre o período do Natal e Ano Novo, segundo ele, foram 14 animais mortos.
Segundo Catto, os ovinos da fazenda modelo são usados para fins científicos em duas linhas de pesquisa, uma desenvolvida pelo veterinário e a outra por Reis. Atualmente, a fazenda tem 250 ovelhas.
Impasse - Segundo a Embrapa, um ofício com um pedido de providências foi enviado para o Ibama, em setembro de 2011. O órgão confirma o recebimento do documento mas, de acordo com a coordenadora do núcleo de Fauna do Ibama, Paula Mochel, ainda falta um laudo da empresa para que algum procedimento seja feito.
Paula explica que foi enviado um outro ofício para a Embrapa, em dezembro do ano passado, pedindo informações sobre a situação e as possíveis causas dos ataques. Somente depois de receber os dados é que alguma providência pode ser tomada.
A coordenadora do Ibama afirma ainda que a Embrapa tem técnicos especializados em predadores felinos e o laudo tem condições de ser feito pelo órgão. A ação que poderia resolver o problema, segundo a coordenadora, seria a captura das onças-pardas.
O chefe geral da Embrapa em Mato Grosso do Sul, Cleber Oliveira Soares, disse ao G1 que esse relatório já foi entregue ao instituto. Segundo ele, o documento aponta alternativas para o fim dos ataques. Ele e os pesquisadores afirmam que a empresa não pode tomar qualquer atitude sem o aval do Ibama.
Nesse laudo, de acordo com Soares, as alternativas propostas foram instalação de cercas elétricas em volta da propriedade e a utilização de fogos para espantar os animais. "Achamos isso inviável e estamos esperando uma posição do Ibama”, disse.
Fonte: G1