Produtor de Sucesso: Créditos de Carbono
05 Apr 2012
A Série Produtor de Sucesso desta semana dá destaque a uma área que sempre gera muita repercussão: Agronegócio X Meio Ambiente.
O personagem escolhido para este tema é o produtor rural, de Paraíso do Tocantins, a 60 quilômetros de Palmas/TO, Hélio Nevack que devido a uma determinação aprovada em dezembro de 2006, pela então ministra do meio Ambiente, Marina Silva, precisou plantar eucaliptos em sua propriedade para adquirir créditos de carbono.
Não que o empreendimento tenha dado errado, já que o produtor, que também se dedica à criação de Nelore, chegou a plantar em grande escala, mas a descoberta da palha de arroz trouxe dois grandes benefícios a Nevack. O primeiro a aquisição de mais créditos de carbono, além de um maior benefício ao meio ambiente.
O segundo uma redução significativa nos custos, já que a tonelada da casca de arroz queimada na Cerâmica Santa Maria, empresa da família custa em torno de R$ 65, muito abaixo do eucalipto. Além de necessitar de menos mão-de-obra para o serviço.
A ideia funcionou tão positivamente que hoje o pecuarista possui créditos até para vender a quem precisa.
A descoberta da palha de arroz não significa interrupção nas árvores de eucalipto, que tiveram sua função substituída. Agora estão num plano futuro para expandir ainda mais os negócios, com a venda do produto, assim que estiverem em ponto de corte. Além disso, eles têm créditos para vender para quem precisa.
Durante este tempo que se dedica a casca do arroz, o produtor explica que o principal problema foi que para iniciar o processo precisou adquirir maquinário próprio para a palha e também para manter o estoque.
E este realmente o ponto principal: Em Tocantins, ainda há poucos reflorestadores que podem fornecer a casca de arroz para a queima e se o lugar for longe, o preço do frete torna a atividade inviável. Uma pesquisa de mercado é fundamental para quem quer entrar no negócio.
Créditos de Carbono – Como funcionam
Crédito de carbono, criados no Protocolo de Kyoto, é uma medida criada para reduzir o efeito estufa.
Com ele, os governos repassam às indústrias do país uma cota de emissão. As empresas, a partir dessa meta, adotam medidas de eficiência energética, como foi o caso do senhor Hélio, ou então, compram créditos de carbono de terceiros.
Para vender esses créditos as empresas contribuir para o desenvolvimento sustentável e adicionar alguma vantagem ao ambiente, seja pela absorção de dióxido de carbono (por exemplo, com o plantio de árvores), seja por evitar o lançamento de gases do efeito estufa na atmosfera - a quantidade de CO2 que ela retirar ou deixar de despejar na atmosfera é que pode ser convertida em créditos de carbono.
O uso da casca de arroz
Hélio optou pelo uso da casca de arroz na Cerâmica Santa Maria, graças à rápida combustão e pelo poder calorífico.
Além disso, a casca de arroz também tem a função ambiental, já que é uma biomassa renovável derivada de um resíduo agroindustrial, utilizada para outros meios ao invés de simplesmente ser aterrada (gerando gás metano) ou ocupando muito espaço da propriedade, além do período da alta combustão.
Atenção: O produtor interessado precisa construir um galpão para armazenamento e secagem da biomassa, além da criação de queimadores, como cita o produtor.
Para adotar a casca de arroz como combustível, o ceramista tem que levar em conta que a casca de arroz gera um montante de cinza e mais uma vez tem que tomar cuidado com o alto custo de frete ocasionado com a baixa densidade da biomassa.
A série "Produtor de Sucesso" é publicada todas às sextas-feiras e trata de um caso de sucesso no agronegócio. Tem uma sugestão de fonte? Participe da rede +Rural Produtores de Sucesso |
Fonte: Ana Brito / Rural Centro