Mercado futuro do boi gordo em 2013 e redução dos riscos do confinamento

09 Apr 2013

As operações que visam à intensificação de qualquer atividade agropecuária exigem investimento. Embora o aumento do capital aplicado em mais produtividade por área signifique potencialização dos riscos para o negócio, os benefícios diretos e indiretos melhoram o rendimento da propriedade. Um exemplo disso é o confinamento de gado de corte. À medida em que as avançam as cobranças em torno do agropecuarista para que ele produza mais em sua fazenda e a torne mais sustentável, as estratégias para que ele se proteja desses riscos também evoluem. Uma oportunidade para conhecer essas estratégias será o simpósio CONFINAR 2013 (www.confinar.net), evento que em sua segunda edição irá tratar da intensificação da pecuária de corte.

Uma das 15 palestras do evento será proferida pela médica veterinária, pecuarista e especialista em mercado de commodities Lygia Pimentel. A apresentação será a segunda do evento, às 10h30 do dia 09 de maio, após a palestra de Alexandre Mendonça de Barros. O tema Estratégias para minimizar os riscos do confinamento trará exemplos práticos de como utilizar mercado a termo, futuro e hedge em suas diversas opções. Leia abaixo a entrevista de Lygia Pimentel sobre a construção de sua palestra.

+ Veja a grade de palestras do CONFINAR 2013

Benefícios diretos e indiretos da engorda de bovinos em confinamento

Rural Centro: Sua apresentação será "Estratégias para minimizar os riscos do confinamento". Os produtores têm conhecimento hoje sobre quais são essas estratégias e como utilizá-las?

Lygia Pimentel: O conhecimento sobre ferramentas financeiras para a gestão do risco melhorou muito. Hoje, a maior parte dos produtores já ouviu falar sobre hedge, mercados futuros e de opções. Entretanto, o conhecimento sobre como funcionam realmente essas ferramentas é superficial e há um grande receio em fazer uso delas efetivamente. O primeiro motivo é a dificuldade de quebrar o tabu “Bolsa” devido à especulação e ao medo da baixa liquidez. O segundo é entender que no hedge bem feito não há perda, mas proteção do que já se tem em mãos. Na verdade, o que falta principalmente é o entendimento adequado sobre o mercado de opções. Através dele temos acesso a ferramentas mais complexas que podem melhorar o preço recebido sem aumentar o risco. É importante entender que a redução do risco ano após ano melhora os resultados da atividade consistentemente e visa resultados melhores de longo-prazo.

Rural Centro: O Brasil perde em potencial de intensificação da atividade pelos pecuaristas de corte ainda não saberem utilizar essas estratégias? É possível mensurar essa perda?

Lygia Pimentel: O Brasil perde, sim, em potencial, pois o resultado melhor ano-a-ano resulta em margens melhores que, consequentemente, trarão maiores investimentos e tecnificação. A rentabilidade depende de muitos fatores particulares de cada propriedade, mas uma análise sobre a melhora do preço da arroba vendida com a utilização do mercado de opções de uma maneira simplista e “cega”, sem planejamento, apenas comprando um seguro de venda, trouxe resultados médios 3% ao ano melhores em uma série histórica de 10 anos considerando a proteção realizada em março. Falaremos mais sobre esse estudo na apresentação.

Rural Centro: Como você dividirá os tópicos de sua apresentação?

Lygia Pimentel: Primeiramente, iniciaremos com um breve panorama de mercado para contextualizar os participantes. Em seguida, falaremos das ferramentas financeiras disponíveis hoje: mercado a termo, hedge com mercados futuros, hedge ativo com mercados futuros, hedge com opções, hedge com estruturas e hedge com estruturas exóticas. Para a apresentação, serão utilizados exemplos práticos reais de hedge de compra de insumos/boi magro e hedge de venda de boi gordo.

Contrato de opções e mercado futuro tiram riscos do confinamento bovino

+ Veja cotações da pecuária na Rural Centro

Rural Centro: Em entrevista recente que você concedeu ao Notícias Agrícolas, você comentou sobre o boi gordo com preço firme em plena safra. Isso é boa ou má notícia para quem confinará agora na entressafra?

Lygia Pimentel Confinar 2013Lygia Pimentel: Certamente valores em alta constituem boa notícia, pois partimos de um valor mais alto apurado no período chuvoso, o que sugere valores mais altos ainda para a entressafra.

O mercado futuro costuma precificar um ágio para os contratos do segundo semestre em relação aos valores apurados no primeiro semestre. Quer dizer que mesmo que a alta não ocorra o mercado futuro dá a chance de vender em valores mais altos.

Isso não significa garantia de margem positiva. Hoje, ainda temos custos de produção altos. Apesar da queda dos grãos, algo em torno de 90% de nossa produção bovina é feita a pasto e os custos com a pecuária extensiva não cederam. Os valores apurados não são bons sob a ótica das margens, mas não se discute os benefícios de preços subindo em plena safra.

Pesquisas preliminares de intenção mostram que o confinamento deverá ser impulsionado pela queda brusca dos alimentos concentrados, o que favorece as margens da atividade. Isso pode trazer concentração de vendas em um período restrito, abalando a firmeza do mercado apesar de apenas uma pequena porção de nossa produção ser proveniente do confinamento.

Em 2013, espera-se que a seca comece em torno de maio-junho, o que deve aumentar a oferta de animais de pasto a partir de então, seguida pela colocação em confinamento, gerando um pequeno vácuo entre julho e agosto, após a liberação das pastagens. Diante da expectativa de aumento do volume de animais confinados e alcance de um número recorde, acima de 4,1 milhões de cabeças, além de um cenário cheio de incertezas, sugere-se atenção ao planejamento das vendas para os anos vindouros. Essa programação pode fazer toda a diferença no resultado.

Rural Centro: Para esta próxima entressafra, existe algum risco para o qual o pecuarista tenha que olhar com mais atenção?

Lygia Pimentel: O risco está exatamente em especular demais e acabar se surpreendendo negativamente com o mercado. Digo especular pois se temos boi na fazenda, temos esse ativo em mãos. Se ele perde valor, é negativo para o resultado de nossa atividade. Portanto, se não tomo medidas que diminuam o risco que representa uma queda de preços, estou especulando. Para deixarmos de ser especuladores e tornarmo-nos realmente gestores do nosso negócio, é necessário planejamento e organização de contas para garantir que ainda estaremos na fazenda nos próximos anos, com apenas uma diferença: uma produtividade maior por área. Esse é o objetivo e é o que faz a diferença.

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CONFINAR 2013

Confinar 2013 Simpósio de confinamento de gado de corte
9 e 10 de maio em Campo Grande, Mato Grosso do Sul
Inscrições e programação: www.confinar.net
Realização: Rural Centro e Beef Tec.

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Foto: Rafael Camargo / Beef Tec

Fonte: José Luiz Alves Neto / Rural Centro



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