Produção de gado de corte: impacto do confinamento dentro do sistema
18 Mar 2013
O isolamento do confinamento de gado de corte do restante do sistema produtivo deixa a operação vulnerável às variações de preço do boi magro e da ração. Deste modo, se a fazenda não for eficiente na produção a pasto, buscar que o confinamento "conserte" essa conta torna-se ilusão. Este será o pivô da apresentação do médico veterinário e diretor executivo da Exagro, Mário Garcia, durante o Simpósio CONFINAR 2013 (www.confinar.net). O evento acontece em Campo Grande-MS nos dias 9 e 10 de maio no Centro de Convenções Arquiteto Rubens Gil de Camillo.
Mário Garcia é especialista em solos, manejo de pastagens e administração rural. Sua palestra, cujo título é Impacto do confinamento no sistema de produção de gado de corte, acontecerá às 15h do segundo dia de evento (10 de maio). Leia abaixo a entrevista em que Garcia elege os pontos principais de sua apresentação:
Rural Centro: Como você enxerga o confinamento dentro do processo de intensificação da pecuária?
Mário Garcia: O processo de intensificação vem ocorrendo de forma irreversível por várias razões: terra como recurso limitado, aumento da demanda por alimentos, restrições ambientais de produção, competitividade com alternativas de uso da terra (como a produção de grãos), etc. Diante disso, em um país tropical como o Brasil, sempre ouvimos que nosso ponto forte é a produção de gado a pasto. Ok, porém temos aproximadamente 80% da produção de forragens concentrada nos meses de verão, pegando parte da primavera e parte do outono.
Para aproveitarmos esta forragem aliando quantidade com qualidade temos que trabalhar com cargas elevadas em períodos concentrados e não é possível planejar sistemas de produção de gado de corte para abater todos os animais no final da safra. Neste contexto, o confinamento entra como estratégia suplementar que aumenta a flexibilidade destes sistemas e, ao mesmo tempo, reduz riscos de baixa liquidez de animais sem condição de abate após o período ideal de pastagens.
Rural Centro: Quais são os principais impactos positivos do confinamento para o pecuarista?
Mário Garcia: Além do citado acima, eu citaria a possibilidade de planejar a engorda de bois de forma escalonada, reduzindo a venda nos valores inferiores observados na venda do "boi de safra" e a produção de uma carne de melhor qualidade do ponto de vista de sabor e maciez, principalmente devido à deposição de gordura, que no sistema a pasto demora um pouco mais dependendo de diversos fatores, o que compromete o produto final.
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Rural Centro: Sabe-se que não é todo ano que a conta do confinamento é positiva para o pecuarista (preço do boi magro, dos grãos, etc). Quais são os pontos que podem fazer o confinamento tornar-se viável?
Mário Garcia: A boa gestão! Se o sistema de produção é planejado para integrar altas produções a pasto com custo baixo, a conta do confinamento isolada pode até ser negativa, mas quando somada ao grande volume que foi produzido com custos bem mais baixos, com o confinamento dando liquidez a esta produção, geralmente a conta é favorável.
Dei ênfase na boa gestão porque partem daí todas as decisões posteriores. O confinamento isolado fica extremamente vulnerável a questões como o preço do boi magro dos grãos. Se a fazenda não é eficiente na produção a pasto, buscar que o confinamento "conserte" a conta é ilusão. Ou seja, é fundamental ser competente na produção a pasto para que o confinamento dê escoamento a esta produção, permitindo a comercialização.
Vista isoladamente, a atividade é para poucos, demandando excelência de gestão, extremo profissionalismo e experiência na operacionalização, compra de insumos, treinamento de pessoal, infraestrutura e logística. Até mesmo confinadores experientes, como bons investidores, têm que saber quando recuar.
Rural Centro: Quais serão os tópicos da sua palestra?
Mário Garcia: 1) Porque o confinamento tem sinergia com o sistema de produção tradicional; 2) Pontos fortes e riscos aliados a introdução de mais um processo no sistema de produção; 3) Alternativas de uso (confinamento próprio X confinamento externo ou boitel) e 4) Resultados de fazendas que têm o confinamento como ferramenta adicional.
CONFINAR 2013
9 e 10 de maio em Campo Grande, Mato Grosso do Sul
Inscrições e programação: www.confinar.net
Realização: Rural Centro e Beef Tec.
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Fonte: José Luiz Alves Neto / Rural Centro