Evolução dos técnicos em nutrição de bovinos de corte viabiliza confinamento
11 Apr 2013
Com a missão de aumentar a taxa de desfrute para atender demandas interna e externa crescentes (até 2030 precisará produzir 49% a mais e exportar 81% a mais do que hoje, segundo a FAO), a terminação de gado de corte em confinamento no Brasil é uma alternativa cada vez mais utilizada. Em 2013, o país deverá abater mais de 4,1 milhões de cabeças de gado provindos deste tipo de sistema de produção.
O desafio não é fácil para o pecuarista. O rebanho bovino brasileiro tem 213 milhões de cabeças, das quais 85% têm sangue zebuíno, principalmente Nelore. A rusticidade da raça, que viabilizou sua propagação pelo país junto à pecuária extensiva, também trouxe um ônus à medida que o cocho passou a fazer parte da realidade da produção nacional. Por se tratar de animais desenvolvidos e selecionados em sistemas extensivos, eles não suportariam rações para confinamento com elevados teores de energia devido ao fato desta dieta ocasionar distúrbios digestivos, como a acidose ruminal, conforme apontaram pesquisas divulgadas no final da década de 90 e no início dos anos 2000.
No entanto, o conhecimento dos técnicos em confinamento brasileiros evoluiu paralelamente à demanda por proteína. Tanto que foi mencionada pelo zootecnista e doutor em produção e nutrição de ruminantes, Danilo Millen, como a principal evolução do Brasil em termos de manejo alimentar. Millen é professor desde 2010 da Unesp-Dracena na área de nutrição de ruminantes, formulação de rações e nutrição de bovinos de corte confinados. Ele será um dos palestrantes do CONFINAR 2013, simpósio de confinamento de gado de corte que acontecerá na capital de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, entre os dias 9 e 10 de maio. “Desde que bem adaptados, bovinos Nelore podem consumir rações com altos teores de energia e apresentarem excelentes desempenhos sem impactos negativos sobre a saúde”, comemora Millen.
A apresentação do zootecnista, que também é mestre pela Unesp-Botucatu e pela Universidade de Minnesota/EUA, acontecerá às 08 horas do segundo dia de simpósio, dia 10 de maio. O tema “Evolução do manejo alimentar nos confinamentos brasileiros e perspectivas futuras” será desenvolvido através dos seguintes tópicos:
- Situação atual da produção de carne bovina no Brasil;
- Apresentação de dados de dois levantamentos realizados por equipe de pesquisa com os nutricionistas de bovinos confinados no Brasil;
- Identificação de pontos críticos para maior foco em tomadas de decisão;
- Perspectivas futuras e lições de casa para os confinadores e nutricionistas no próximos anos.
Apesar de celebrar o nível de conhecimento dos técnicos em confinamento, Millen lembra que o Brasil ainda tem muito a evoluir quanto a tecnologias relacionadas à coleta e análise de dados das operações de confinamento. “Com base nestas informações, os nutricionistas terão maior suporte para instruir corretamente o produtor sobre as práticas de manejo e recomendações nutricionais. Da mesma forma, investimentos em maquinários mais precisos e treinamento de funcionários também são necessários”, cobrou o zootecnista.
Danilo Millen lamenta ainda que os principais erros estejam ligado a problemas de logística e adequação do manejo de distribuição dos tratos. “A maioria dos confinamentos do país não controla a quantidade de ração para confinamento que é fornecida para cada baia. Neste caso é utilizada a ‘velha e arcaica bica corrida’”, disse Millen, seguindo a linha do que tinha sido comentado anteriormente por outro palestrantes do CONFINAR, João Paulo Bastos (leia a entrevista com Bastos aqui).
Abre aspas para Danilo Millen
“Considero os nutricionistas o ‘coração’ de uma operação de confinamento, pois sem eles não há evolução, não há confinamentos. Os confinadores passaram a entender que é crucial a presença de um técnico treinado em nutrição de bovinos confinados, pois o sistema se intensificou tanto na última década que agrônomos, veterinários e zootecnistas formados, mas que não têm algum tipo de experiência prévia em confinamentos de bovinos de corte, raramente são contratados”.
Em 2013, o simpósio CONFINAR vai para a sua segunda edição. O evento é realizado em parceria entre a Rural Centro e a Beef Tec. As inscrições, disponíveis pelo site oficial do evento, www.confinar.net, estão abertas e têm descontos para profissionais e estudantes até o dia 15 de abril.
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CONFINAR 2013
Simpósio de confinamento de gado de corte
9 e 10 de maio em Campo Grande, Mato Grosso do Sul
Inscrições e programação: www.confinar.net
Realização: Rural Centro e Beef Tec.
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Foto: arquivo / Danilo Millen
Fonte: José Luiz Alves Neto / Rural Centro